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FEPAL diz que feira israelense na USP legitima apartheid na Palestina e pede cancelamento do evento

Ato em boicote à feira está marcado para esta quarta-feira (6), às 11h, em frente ao Centro Intercultural Internacional da USP, local do evento
Ato em boicote à feira está marcado para esta quarta-feira (6), às 11h, em frente ao Centro Intercultural Internacional da USP, local do evento

Em carta ao reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, a Federação Árabe Palestina do Brasil pediu o cancelamento da “Feira das Universidades Israelenses” porque sua realização no campus da universidade implica “adesão da USP ao apartheid na Palestina”. A feira, com apenas um dia de duração, está prevista para amanhã, dia 6, no Centro Intercultural Internacional, reunindo as universidades Bar Ilan, de Haifa, de Tel Aviv, Hebraica de Jerusalém e Technion.

Citando os trabalhos dos relatores especiais da ONU para a Palestina Michael LynkRichard Falk e John Dugard, que descreveram, há mais tempo, as práticas de Israel como um sistema de apartheid, aos relatórios mais recentes da Comissão (das Nações Unidas) Econômica e Social para a Ásia Ocidental e das principais ONGs internacionais de direitos humanos, todos identificando um regime apartheid sobre o povo palestino, a carta da FEPAL pede que a USP cancele a feira, sob pena de “ficar para a história como uma universidade que um dia apoiou o regime de apartheid de Israel”.

Apontando resoluções da ONU até hoje não cumpridas por Israel, inclusive a 194, que garante o retorno dos refugiados palestinos e que em 1949, quando admitido como estado membro das Nações Unidas, o estado israelense aceitou acatar e implementar, assim como o sistemático desafio de suas políticas ao direito internacional humanitário, a FEPAL questiona se a atitude da USP. “Seria falta de informação? Cremos que não. Algo mais? Não sabemos. Mas sabemos que a USP e o apartheid não combinam. A justa reputação da USP não pode ser manchada por associação aos crimes de lesa-humanidade de Israel na Palestina”, diz a carta.

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Para a FEPAL, as universidades israelenses estão fortemente implicadas na construção do regime colonial e de apartheid de Israel, gerando conhecimento e tecnologias aplicadas na Palestina ocupada.

A carta traz algumas informações sobre as ações destas universidades israelenses que auxiliam as políticas de Israel para ocupação da Palestina. A Universidade de Tel Aviv, por exemplo, através do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, trabalha em “questões de segurança nacional, que abrangem assuntos militares e estratégicos, terrorismo e conflito de baixa intensidade, equilíbrio militar no Oriente Médio e guerra cibernética”, cita o documento enviado à USP, lembrando que este trabalho “é tornado armamento, munições e sistemas aplicados na ocupação israelense da Palestina e, pior ainda, testado na população palestina antes de se tornar artigo de exportação de Israel, financiando, assim, infinitamente seu sistema de apartheid”.

Já o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) auxilia, de acordo com o que levantado pela FEPAL, produz conhecimento aplicado “intimamente ligados ao processo de ocupação da Palestina e construção de assentamentos ilegais, nos quais implantam colonos em terras confiscadas aos palestinos”.

O papel da Universidade Bar-Ilan é tão comprometido com a construção de assentamentos ilegais na Palestina ocupada, uma das facetas mais flagrantes da ocupação, que chegou a fundar um campus em Ariel, um grande assentamento ilegal na Cisjordânia.

E a Universidade Hebraica, instalada em Jerusalém, é diretamente associada ao processo de limpeza étnica da Palestina, destaca a carta da FEPAL. “Contra as resoluções da ONU que declaram a anexação de Jerusalém ilegal, esta instituição universitária levou à despossessão e desterro de centenas de famílias palestinas para expandir-se para a parte oriental desta cidade palestina. Isso se deu em 1968, logo após a anexação desta parte da cidade, em 1967. E em 2004, nova expansão ilegal levou a mais expulsões de famílias palestinas, anexações de suas propriedades e destruição de suas edificações”, cita a carta.

Ainda conforme a carta, “professores e pesquisadores israelenses, destas e de outras instituições de ensino, universitárias ou não, colaboram com as forças armadas de Israel e com seus serviços de inteligência, inclusive para o desenvolvido de interrogatórios denunciados como formas de tortura e de desumanização dos palestinos”.

Para o presidente da FEPAL, Ualid Rabah, a USP precisa escolher entre apoiar um regime segregacionista, expansionista, violente, avesso aos direitos humanos mais básicos, que é o apartheid israelense sobre o povo palestino, ou respeitar sua trajetória histórica, que é de defesa dos direitos humanos.

“Se a USP mantiver esta feira, estará não apenas legitimando o apartheid israelense sobre o povo palestino, mas admitindo que a humanidade pode tolerar o apartheid e outros crimes de lesa humanidade, todos presentes na Palestina e praticados por Israel, como aceitáveis em qualquer parte do mundo, talvez até aqui, contra parcelas do povo brasileiro”, adverte Rabah.

A administração da USP ainda não se manifestou a respeito do pedido da FEPAL de cancelamento da feira nem emitiu pronunciamento público sobre a questão.

Uma manifestação, convocada pela coordenação brasileira do Movimento Global por Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel, conhecido como BDS, pela Frente Palestina Livre e pelos Estudantes (da USP) em Solidariedade ao Povo Palestino, que conta com apoio da FEPAL, correrá amanhã, a partir das 11 horas, em frente ao Centro Intercultural Internacional, local da feira.

Publicado originalmente em FEPAL

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