Arábia Saudita, Kuwait e Iêmen anunciaram nesta quinta-feira (7) o retorno de seus respectivos embaixadores a Beirute, como sinal de melhora nas relações entre as partes, após alcançarem o fundo do poço no último ano, devido a comentários de um então ministro libanês.
As informações são da agência Reuters.
Arábia Saudita e seus aliados do Golfo já foram alguns dos maiores doadores ao Líbano. Contudo, as relações esfriaram há anos, em meio à influência cada vez maior do grupo Hezbollah, ligado a Teerã, no cenário político levantino.
A chancelaria saudita justificou o retorno de seu representante como resposta a políticos “moderados” da arena libanesa, incluindo apelos do primeiro-ministro Najib Mikati para “encerrar todas as atividades políticas e militares” que afetam o Golfo.
Em nota encaminhada à imprensa estatal, Riad insistiu na importância do Líbano em “retornar a suas raízes árabes”. A chancelaria kuwaitiana ecoou o sentimento, ao prometer o retorno de seu enviado até o fim da semana.
No Twitter, Mikati agradeceu o avanço e insistiu que o Líbano tem “orgulho de sua filiação árabe e suas relações com o Golfo”, então descritas como pilares de assistência ao estado.
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A disputa com o Golfo se somou ao colapso financeiro do Líbano, descrito pelo Banco Mundial como uma das piores depressões da história humana.
Ainda ontem, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reportou um eventual acordo de financiamento com o Líbano, condicionado a reformas econômicas.
Posteriormente, a chancelaria do governo iemenita reconhecido pela comunidade internacional (isto é, destituído da capital Sana’a, assolada pela guerra), juntou-se aos aliados para reaver seu embaixador a Beirute.
“A medida responde às promessas libanesas de suspender atividades e práticas ofensivas aos países árabes”, comentou o ministério iemenita em Aden.
Em outubro, viralizou um vídeo do então Ministro de Informações do Líbano criticando a campanha da coalizão militar do Golfo no Iêmen – conflito “por procuração” entre Arábia Saudita e Irã. O ministro desculpou-se, mas teve de renunciar.
O Hezbollah apoia Teerã em sua luta regional por influência frente os regimes do Golfo, associados aos Estados Unidos. No Iêmen, rebeldes houthis recebem apoio iraniano.
As forças paramilitares do Hezbollah detêm maior poder que o exército libanês e possuem aliados em toda a região, incluindo na Síria.
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