Agências da ONU alertaram esta terça-feira (12) que cerca de 1,4 milhão de crianças enfrentarão desnutrição aguda até o final deste ano na Somália.
Elas são o grupo mais vulnerável do total de 6 milhões de pessoas na iminência de uma catástrofe humanitária na nação do extremo leste africano.
Habitantes
O número equivale a 40% de habitantes, destaca o comunicado conjunto do Programa Mundial de Alimentos, PMA, da Organização para Agricultura e Alimentação, FAO, do Escritório dos Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, e do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef.
As razões são chuvas fracas, subida vertiginosa dos preços dos alimentos e enormes déficits de financiamento.Até 81 mil pessoas provavelmente enfrentarão a morte devido à crise.
Para o diretor de Emergências da FAO, Rein Paulsen, os “números altamente alarmantes são o indicador mais forte até o momento de um agravamento da situação.”
Subsistência
Na região, milhões de pessoas correm o risco de serem lançadas em níveis, cada vez mais severos, de fome pelos efeitos dominó da seca nos meios de subsistência, nos bens produtivos domésticos e na produção alimentar local.
Rein Paulsen lembra que esta é a quarta estação de seca sem precedentes a atingir essas comunidades, juntamente com outros impactos como conflito, Covid-19, desafios macroeconômicos e um aumento recente de gafanhotos do deserto.
Por vários meses, a seca extrema atingiu outros países da região, incluindo Etiópia e Quênia. O problema destruiu plantações, matou o gado e provocou um êxodo massivo de pessoas.
Famintos
O diretor do PMA na Somália, El-Khidir Daloum, afirmou que a situação é crítica e “literalmente começa-se a tirar comida dos famintos para alimentar os famintos.”
A soma de vítimas do “nível extremo de insegurança alimentar” representa uma subida de cerca do dobro desde o início do ano, de acordo com um novo relatório da Classificação Integrada de Fase de Segurança Alimentar.
No total, seis áreas somalis foram identificadas como estando em risco de fome, podendo estar expostas à mesma situação de 2011 “se não houver ação internacional imediata”.
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O país também enfrenta descordos devido ao adiamento de eleições e as autoridades se esforçam para combater a insurgência do grupo extremista islâmico Al-Shabaab há mais de uma década.
As agências humanitárias dizem ter alcançado mais de 2 milhões de pessoas com auxílio, mas está diante de uma “lacuna crítica” no financiamento dos doadores.
O Plano de Assistência Humanitária para 2022 está orçado em US$ 1,5 bilhão, mas foram arrecadados somente 4,4% desta meta.
Publicado originalmente em ONU News