Cerca de 11.500 médicos pediram demissão de hospitais públicos no Egito entre 2019 e março de 2022, segundo um relatório recente do Sindicato Geral dos Médicos do país norte-africano.
O relatório confirmou que 212.835 médicos possuíam licença de trabalho no fim de 2019, mas apenas 82 mil profissionais, equivalente a 38% do número total, de fato exerciam a carreira no setor público.
O Egito possui 8.6 médicos para cada dez mil habitantes, comparado à média global de 23 médicos para cada dez mil habitantes. Segundo o sindicato da categoria, médicos egípcios tendem a sair do país, fenômeno agravado pelas condições precárias durante a pandemia.
Em 2020, médicos do Hospital de Munira no Cairo ameaçaram demitir-se em massa após um colega morrer de covid. Conforme sua denúncia, o governo não concedeu aos trabalhadores equipamentos de proteção ou testagem adequados.
Em 2016, ao menos 1.044 médicos pediram demissão; em 2017 e 2018, foram 2.549 e 2.612 médicos, respectivamente. No último ano, o índice chegou a 4.127 exonerações.
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Para reagir ao êxodo de profissionais, de acordo com o relatório, é preciso que o governo forneça treinamento e melhores condições de trabalho. O sindicato recomendou ainda a abertura de novas vagas nas faculdades de medicina.
Entre 2017 e 2018, a Agência Central de Estatísticas e Mobilização Pública do Egito (Campas) confirmou que cerca de um terço da população vivem abaixo da linha da pobreza, mas gasta quase 55% de seu rendimento anual em serviços médicos. Neste mesmo período, o governo militar destinou apenas 4.5% de seu orçamento ao setor de saúde.
No Egito, a média salarial de um médico após 35 anos de carreira no setor público é 3.700 libras egípcias, equivalente a somente US$200 ou R$1.000 mensais.