Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, e ministros do gabinete paralelo — isto é, formado pela oposição para monitorar o governo — estão cortejando a comunidade judaica para angariar votos nas eleições locais da próxima semana.
Segundo reportagem do The Guardian, uma delegação do Partido Trabalhista de Israel saiu às ruas na região de Barnet, norte de Londres, que possui uma grande comunidade judaica, para demonstrar apoio a seus homólogos britânicos.
Starmer e sua vice-líder, Angela Rayner, receberam nove oficiais israelenses na capital britânica, incluindo o vice-prefeito de Tel Aviv, Chen Arieli; o diretor executivo do Partido Trabalhista, Nir Rosen; entre outros funcionários da liderança sionista.
Segundo o The Guardian, tais esforços têm como objetivo sublinhar o contraste com Jeremy Corbyn, ex-candidato trabalhista a Downing Street. Durante a campanha de Boris Johnson, a posição solidária de Corbyn à causa palestina foi caluniada como antissemitismo.
Posteriormente, a Comissão de Direitos Humanos e Igualdade (EHRC) reiterou não encontrar qualquer evidência de antissemitismo ou racismo institucional em sua campanha; tampouco revelou, não obstante, “exemplos específicos de assédio e interferência política”.
Nesta semana, o ator Tracy-Ann Oberman, crítico veemente de Corbyn que deixou o partido devido a sua liderança, foi condenado a pagar indenização e desculpar-se publicamente por acusá-lo falsamente de antissemitismo.
No contexto eleitoral, segundo a reportagem, Wes Streeting, parlamentar que representa a Secretária de Saúde do gabinete paralelo, recebeu a delegação israelense para jantar, assim como seu homólogo de Relações Exteriores, David Lammy.
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As partes discutiram estratégias eleitorais com figuras de alto escalão do Partido Trabalhista, incluindo o secretário-geral David Evans e o diretor de campanha Morgan McSweeney.
Jonathan Cummings, conselheiro internacional do líder trabalhista israelense, Merav Michaeli, alegou “enorme alívio” em preservar contato com a oposição europeia.
Starmer, autodeclarado sionista “sem qualificação”, busca remendar laços com o nicho sionista do eleitorado britânico, após substituir Corbyn na liderança trabalhista. O congressista rejeitou neste mês as denúncias de apartheid contra Israel, corroboradas pela Anistia Internacional.
Críticos condenaram Starmer ao acusá-lo de adotar uma “realidade alternativa” para perpetuar seu apoio político no estado sionista.
Outros grupos proeminentes de direitos humanos chegaram à conclusão de que Israel executa crime de apartheid contra o povo palestino, incluindo o Human Rights Watch e a ong B’Tselem.
Starmer também é acusado de “expurgar judeus do partido”, caso sejam críticos a Israel.
A organização Jewish Voice for Labour (JVL) — principal grupo da esquerda judaica no partido britânico, notório por suas posições antissionistas — reiterou a denúncia no último ano, após membros judeus de alto perfil serem suspensos pela liderança trabalhista.