Mais de 40 mil crianças sírias foram privadas do acesso à educação como resultado direto dos cortes assistenciais promulgados pelo Reino Unido, revelou a entidade beneficente Action For Humanity e sua matriz no país árabe, Syria Relief.
“Caso não encontremos recursos para preencher as lacunas deixadas pelo governo britânico e outros doadores, uma geração inteira de crianças sírias deixará de estudar, deflagrando riscos quase imediatos de matrimônio infantil, gravidez precoce, recrutamento de crianças a grupos armados, exploração e tráfico humano”, declarou Jessica Adams, diretora de comunicação da organização no país assolado pela guerra.
“Trata-se de uma escolha política que crianças, pais e professores da Síria esperam que seja revogada”, acrescentou Adams.
O apoio financeiro britânico a 133 escolas da Syria Relief expirou em 30 de abril, em meio a cortes do governo no exterior, anunciados em maio – equivalentes a £4.2 bilhões ou US$5.2 bilhões. A Síria foi o país mais afetado, com corte de 69% nos envios assistenciais, apesar da continuidade do conflito de mais de uma década, que deslocou milhões de pessoas.
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Em entrevista ao jornal The Guardian, Abu Halid, pai e refugiado no campo de Mahmoodli, no norte da Síria, destacou: “Se fecharem essa escola, teremos de procurar escolas privadas, mas não temos dinheiro, sequer para o aluguel; então precisamos dessa escola”.
Um relatório publicado pela organização Action For Humanity detalhou as consequências do déficit orçamentário sobre mais de cem mil crianças sírias, após o número de escolas cair de 157 instituições a apenas 24 em menos de um ano. O índice pode chegar a zero em agosto.
Os cortes nas doações, incluindo promulgados por Londres e Washington, levaram também a uma crise de saúde no noroeste da Síria, advertiu nesta sexta-feira (6) a Anistia Internacional.
“A queda massiva do financiamento traduziu-se imediatamente no fechamento de hospitais e no encerramento de serviços vitais, e deixou milhões de sírios – que sofrem com o conflito e a violência – com dificuldades de acesso a medicamentos e cuidados essenciais”, declarou Lynn Maalouf, vice-diretora regional da organização de direitos humanos.
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