O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) comentou, na noite dessa quarta-feira (10), o acordo de cooperação entre o Comando de Defesa Cibernética do Exército e a empresa israelense de cibersegurança CySource. O caso foi revelado com exclusividade pelo Brasil de Fato na última sexta-feira (6).
Em entrevista ao programa Boa Noite 247, da TV 247, o congressista associou a parceria firmada com a empresa ao projeto de deslegitimação do processo eleitoral brasileiro empreendido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), por generais das Forças Armadas e pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
Teixeira fez referência ao fato revelado na reportagem do Brasil de Fato de que, no quadro de funcionários da CySource, está Hélio Cabral Sant’ana, ex-diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro. O Exército nega relação entre o acordo de cooperação e as eleições.
“O ministro da Defesa ajudou a trazer para as Forças Armadas uma conta pesada. Agora, ele contrata uma empresa israelense que tem entre os seus quadros, talvez o principal quadro de TI, o ex-chefe de Tecnologia da Informação Bolsonaro no Palácio do Planalto”, disse o deputado federal.
“Faltou alguém que dissesse “vai dar m…” ou “isso aí vai dar errado”. Eles não estão percebendo que isso pode desmoralizar a história das Forças Armadas?”, questionou Paulo Teixeira.
LEIA: O dedo de Israel na ameaça golpista de Bolsonaro
O petista ainda sustenta que os questionamentos feitos pelo general Héber Portella, representante das Forças Armadas na comissão de transparência do TSE, responsável pelo acordo com a CySource, “foram de tamanha infantilidade, tamanha imprecisão, que colocam as Forças Armadas em maus lençóis”.
MP pede investigação do TCU
Na segunda-feira (9), o subprocurador-geral do Ministério Público Federal (MPF) Lucas Rocha Furtado enviou ofício ao Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar possíveis irregularidades no acordo entre Exército e a CySource.
Furtado mostra que o acordo tem indícios de desvio de finalidade que podem colocar em risco as eleições de outubro. No documento, argumenta que o general Héber Portella, comandante de Defesa Cibernética do EB (ComDCiber), já tinha sido nomeado para integrar a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) quando assinou o contrato com a empresa israelense.
“No meu entender, é inadmissível que a estrutura do Exército Brasileiro seja usada para atender a um capricho de Jair Bolsonaro, que, de forma insistente, tem questionado a segurança das urnas eletrônicas e dos procedimentos de apuração eleitoral adotados pelo Tribunal Superior Eleitoral”, escreveu.
LEIA: Palestinos realizam ato neste domingo em São Paulo
O subprocurador aponta que o general frequentemente “tem reforçado o discurso de Jair Bolsonaro no sentido de que o sistema de votação brasileiro contém riscos e fragilidades que podem vir a comprometer a lisura das eleições”. Por isso, o acordo teria sido celebrado “não com vistas à satisfação de uma finalidade pública, mas, sim, em flagrante desvio de finalidade, com vistas a investigar os supostos riscos e fragilidades do sistema de votação brasileiro”.
Publicado originalmente em Rede Brasil Atual