Os Estados Unidos revogaram uma série de sanções sobre os territórios sírios controlados pelas Unidades de Proteção Popular (YPG), braço armado do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em uma decisão veementemente condenada pela Turquia.
O Departamento do Tesouro suspendeu diversas proibições das áreas sob gestão do YPG, ao permitir que empresas de agricultura, telecomunicações, energia, construção civil, comércio, indústria e finanças possam operar no país.
A decisão também permite alguns investimentos estrangeiros entre a província de Aleppo, no noroeste da Síria, e Hassakeh, na região nordeste.
A medida foi anunciada na quarta-feira (11) por Victoria Nuland, vice-secretária em exercício do Departamento de Estado, durante encontro da coalizão militar contra o grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh), na cidade marroquina de Marraquexe.
“Nos próximos dias, os Estados Unidos pretendem deferir uma licença geral para facilitar atividades particulares de investimento em áreas fora do escopo do regime, liberadas do Daesh, na Síria”, destacou Nuland.
É possível agora adquirir petróleo das áreas isentas, sob a condição de que não beneficiem o regime sírio de Bashar al-Assad. Em geral, negócios com Damasco permanecem sob sanções, assim como a exportação de petróleo sírio aos Estados Unidos.
Embora a declaração de Nuland e do Departamento de Tesouro não mencione nominalmente o YPG como alvo da isenção, muitos analistas advertem que o objetivo primário é auxiliá-lo, como parte da oposição síria ainda em atividade.
Em Istambul, o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan descreveu o YPG como “grupo terrorista” e rechaçou a medida: “Não podemos aceitar este erro dos Estados Unidos”
O chanceler turco Mevlut Cavusoglu ecoou as críticas de Erdogan. Durante coletiva de imprensa junto de seu homólogo congolês, Christophe Lutundula Apala, também em Istambul, Cavusoglu descreveu a medida como “seletiva, ao flexibilizar sanções do Ato Caesar a certas áreas”.
“Washington não quer expandir a decisão às regiões controladas pelo governo, mas favorecem áreas que o regime não controla no presente; sobretudo lugares onde o PKK/YPG é dominante. Por exemplo, abarca a região de onde expulsamos o Daesh, mas não a região de Afrin, de onde expulsamos o PKK”, argumentou Mevusoglu.
Cavusoglu também questionou por qual razão a província de Idlib, gerida pela oposição, não foi incluída nas recentes isenções, ao reafirmar a necessidade de maior apoio internacional a essas áreas. “Há milhões de pessoas deslocadas, construímos casas ali”, acrescentou.
Nos últimos cinco anos, os Estados Unidos conferiram apoio político e material ao YPG e às Forças Democráticas da Síra (FDS). Ancara acusa a Casa Branca e seus aliados na Europa de apoiar o “terrorismo”, em detrimento da segurança turca. As potências ocidentais, todavia, afirmam que o apoio decorre de seu combate ao Daesh.
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