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Entrada da Suécia na OTAN enfrenta empecilho: Turquia diz não

17 de maio de 2022, às 15h39

Ministra de Relações Exteriores da Suécia Ann Linde durante encontro dos chanceleres da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em Riga, Letônia, 1° de dezembro de 2021 [Gints Ivuskans/AFP via Getty Images]

Nos próximos dias, a Suécia deve requerer formalmente sua filiação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), confirmou nesta segunda-feira (16) a primeira-ministra Magdalena Andersson. Todavia, seu processo de entrada, junto da Finlândia, enfrenta um obstáculo, após o presidente turco Recep Tayyip Erdogan prometer vetar a iniciativa.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Suécia e Finlândia dependem do aval de todos os 30 estados-membros da OTAN para juntar-se à coalizão militar. O processo de ratificação pode demorar um ano, mas as objeções da Turquia culminaram em dúvidas sobre seu avanço.

Erdogan afirmou a repórteres que os estados nórdicos não devem sequer se incomodar em enviar delegações a Ancara, para tentar persuadí-lo a apoiar a medida.

“Nenhum desses regimes tem uma atitude clara e aberta sobre grupos terroristas”, afirmou o presidente, em referência a supostas células do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) nos países requerentes. “Como podemos confiar neles?”

Erdogan chegou a descrever a Suécia como “incubadora” de entidades terroristas, ao acusar a monarquia europeia de lhes conferir representação no parlamento.

A invasão russa da Ucrânia abalou a estrutura de segurança da Europa e forçou Helsinque e Estocolmo a alinhar-se com a OTAN, após abdicar de uma vaga na coalizão armada liderada pelos Estados Unidos, durante a Guerra Fria.

O governo social-democrata da Suécia, preocupado com a vulnerabilidade do país, manifestou esperanças de um processo rápido de ratificação. A OTAN tinha expectativas de que a objeção turca fosse contornada rapidamente; porém, não parece o caso.

A Ministra de Relações Exteriores Ann Linde recusou-se a comentar a negativa, até então.

Decisão histórica

A decisão dos países nórdicos de solicitar uma vaga na OTAN pode encerrar uma política longeva de não-alinhamento, que definiu suas estratégias de defesa desde a Guerra Fria.

“Deixamos uma era para trás e entramos em outra”, declarou Andersson durante coletiva de imprensa, na segunda-feira. Segundo a premiê, a aplicação da Suécia deve ser submetida nos próximos dias, em sincronia com o requerimento finlandês.

“A OTAN fortalecerá a Suécia e a Suécia fortalecerá a OTAN”, acrescentou.

A decisão de abandonar a neutralidade militar — princípio bicentenário do estado sueco — reflete uma mudança veemente da opinião pública na Escandinávia, após a deflagração da ofensiva de Moscou contra o território ucraniano.

Andersson reiterou que seu país não quer a instalação de bases militares permanentes da coalizão ou armas nucleares em seu território, caso seja aprovado como estado-membro.

Enquanto isso, o presidente russo Vladimir Putin conferiu uma resposta moderada aos avanços: “No que abrange à expansão, incluindo como novos membros Finlândia e Suécia, o Kremlin não tem problema com esses estados — nenhum”.

Não obstante, Putin acusou Washington de adotar a eventual expansão como tática “agressiva” para escalar ainda mais a conjuntura global. Segundo o líder russo, seu exército retaliará caso a coalizão movimente armas ou tropas em direção à fronteira.

Micael Byden, comandante das Forças Armadas da Suécia, afirmou à imprensa que a decisão de requerer filiação tem base na estratégia militar e que defender a Suécia, unilateralmente ou em cooperação com outros estados, será mais simples caso o país seja membro da OTAN.

“Com base nas conversas e relações com meus homólogos, sei que a Suécia é bem-vinda na OTAN”, argumentou o general. “Todavia, não somos apenas bem-vindos — sei que a Suécia como estado-membro tornará a OTAN uma entidade mais forte”.

A Suécia obteve apoio dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha e França; porém, nenhum compromisso vinculativo de assistência militar. Em nota conjunta publicada ontem, os vizinhos nórdicos Dinamarca, Noruega e Islândia também prometeram apoiar a iniciativa.

Moscou descreve a invasão da Ucrânia como “operação militar especial”, sob pretexto de “desnazificar” o país. Kiyv e aliados denunciam a justificativa como infundada.

ASSISTA: Turquia impõe condições à entrada de Suécia e Finlândia na OTAN