A Arábia Saudita nega qualquer normalização com Israel enquanto estiver em aberto a questão palestina, advertiu nesta terça-feira (24) Faisal bin Farhan al-Saud, chanceler da monarquia. Os comentários de bin Farhan servem de resposta a perguntas feitas durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
No vídeo compartilhado pela emissora al-Ekhbariya, a moderadora da mesa indagou bin Farhan sobre a disposição saudita em torno de uma eventual normalização com a ocupação israelense, em referência a relatos de imprensa publicados recentemente.
“Nada mudou na forma como vemos a matéria; sempre vimos a normalização como resultado final, como a linha de chegada”, observou bin Farhan. “A Arábia Saudita foi quem promoveu a Iniciativa de Paz Árabe [em Beirute, 2002] e quem conduzirá a eventual normalização integral entre Israel e a região”.
A iniciativa de 2002 propõe o estabelecimento de relações entre as partes, caso Israel retire-se dos territórios ocupados desde 1967 e acate a existência de um estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital, além de uma solução à questão dos refugiados.
No entanto, acrescentou bin Farhan: “Não seremos capazes de normalizar laços enquanto a questão palestina permanecer em aberto. A prioridade agora é encorajar o processo de paz entre palestinos e israelenses, o que certamente será benéfico a toda a região”.
As negociações israelo-palestinos persistem paralisadas desde abril de 2014, devido à recusa sionista de reverter a ampliação de assentamentos ilegais e libertar presos políticos de longa data. Tel Aviv parece ainda abdicar da “solução de dois estados”, promovida há décadas pela comunidade internacional.
Na terça-feira, o website Axios reportou que a gestão do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden está mediando conversas entre Israel, Egito e Arábia Saudita, o que pode culminar na normalização entre a monarquia islâmica e a ocupação.
Em resposta à revista Atlantic, Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, observou em março que seu país não considera Israel como inimigo, mas sim “potencial aliado, com muitos interesses em comum”.
“No entanto, temos que solucionar algumas questões antes de chegar lá”, acrescentou bin Salman. “Temos esperanças de que o conflito entre israelenses e palestinos seja resolvido”.
Em 2020, Tel Aviv assinou acordos de normalização com Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão. Dos 22 estados árabes, além dos quatro mencionados, Jordânia e Egito também têm relações oficiais com Israel.
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