Egito promete permitir protestos na COP27; ativistas continuam céticos

Ativistas e associações de direitos humanos expressaram ceticismo sobre a recente promessa do regime egípcio de Abdel Fattah el-Sisi de permitir protestos em uma “instalação adjacente ao centro de eventos”, durante a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP27).

O fórum deve ser realizado em novembro, em Sharm el-Sheikh, balneário do Mar Vermelho.

Em entrevista à rede Associated Press (AP), o chanceler egípcio Sameh Shoukry comentou: “Desenvolvemos uma instalação adjacente para permitir a todos a oportunidade plena de participação, ativismo e manifestação de suas opiniões”.

“Também concederemos acesso, como costuma ser feito em um dos dias das negociações”, acrescentou. “Reconhecemos o impacto, a determinação e o compromisso de todos para nos cobrar honestidade como representantes do estado … ao abordar essa pauta de tamanha importância”.

Os protestos durante a conferência global costumam durar dias. Todavia, o governo militar no Cairo baniu manifestações desde 2013, quando promulgou uma lei para criminalizá-las e deter milhares de ativistas civis.

Em 2019, milhares de ativistas, jornalistas, políticos e outros representantes da sociedade civil foram presos durante protestos contra o regime que tomaram o país.

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Figuras proeminentes na revolução de 2011 — que derrubou o longevo ditador Hosni Mubarak — foram presas e torturadas após um massacre que resultou em mil manifestantes mortos, na praça de Rabaa, na capital, dois anos depois, quando Sisi depôs o presidente eleito, Mohamed Morsi, e tomou o poder via golpe de estado.

 

Era Sisi – Charge [Latuff / Monitor do Oriente Médio]

Os comentários de Shoukry coincidem com apelos da Anistia Internacional para que o Egito suspenda restrições ao espaço público, com intuito de garantir a realização da COP27. “Seu histórico hediondo em reprimir a dissidência pacífica não deve prejudicar a conferência das Nações Unidas”, advertiu o grupo de direitos humanos.

A Anistia também instou os governos participantes a pressionar o Cairo para promover avanços materiais na pauta de direitos humanos e alertou para a possibilidade de o governo militar usar as circunstâncias para encobrir denúncias.

Em novembro, o Human Rights Watch repudiou veementemente a escolha do Egito como país anfitrião da conferência ambiental, ao reiterar o caso de Ahmed Amasha, ecoativista preso no verão de 2020, que sofreu desaparecimento forçado e tortura.

Amasha está proibido de receber visitas, fazer exercícios, reunir-se com seu advogado, ler livros ou ter acesso a cuidados médicos adequados.

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