Segundo informações da imprensa, dois assessores do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden estão na Arábia Saudita para uma visita secreta cujo intuito é assinar um eventual acordo entre Israel, Egito e a monarquia islâmica.
Embora as supostas negociações sejam concentradas na soberania de duas ilhas estratégias, as delegações devem debater também um pacto para ampliar a produção de petróleo, a iminente viagem de Biden à Arábia Saudita, neste ano, e relações entre as partes.
Os relatos foram concedidos por três fontes oficiais americanas à rede de notícias Axios.
Brett McGurk, coordenador da Casa Branca para Oriente Médio, e Amos Hochstein, enviado do Departamento de Estado para questões energéticas, chegaram à monarquia na terça-feira (24), para encontrar-se com oficiais sauditas de alto escalão.
A agenda deve priorizar o aumento na produção de petróleo, assim como a possibilidade de uma normalização de laços entre Arábia Saudita e Israel.
Nesta semana, a Axios observou que a mediação de Washington sobre a questão tripartite pode, caso bem-sucedida, abrir caminho para a normalização.
O chanceler saudita Faisal bin Farhan, no entanto, negou relatos de sua eventual assinatura aos Acordos de Abraão, sob os quais Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão firmaram relações com o estado ocupante.
LEIA: Arábia Saudita condiciona normalização a resolução da questão palestina
“Nada mudou na forma como vemos a matéria; sempre vimos a normalização como resultado final, como a linha de chegada”, reiterou bin Farhan durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. “A Arábia Saudita foi quem promoveu a Iniciativa de Paz Árabe [Beirute, 2002] e quem conduzirá a eventual normalização integral entre Israel e a região”.
A iniciativa de 2002 propõe o estabelecimento de relações entre as partes, caso Israel retire-se dos territórios ocupados desde 1967 e acate a existência de um estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital, além de uma solução à pauta dos refugiados.
A fórmula recebe apoio dos 22 países-membros da Liga Árabe e de agentes majoritários da comunidade internacional. Todavia, as negociações continuam paralisadas devido à recusa israelense de encerrar sua ocupação militar da Palestina histórica.
Benjamin Netanyahu, ex-premiê israelense e atual líder da oposição, prometeu ao eleitorado sionista firmar pactos de normalização com regimes árabes sob o atual status quo, isto é, em termos favoráveis à ocupação, sem ceder território ou reconhecer um estado palestino.
A chegada do ex-presidente americano Donald Trump à arena internacional abriu as portas para que os sonhos da extrema-direita sionista se tornassem realidade.
Ao menos por ora, no entanto, o chanceler saudita não demonstrou sinais de recuo.
O acordo sobre petróleo, não obstante, deve ser mais acessível. O aumento na produção saudita representa um apelo persistente do governo Biden; todavia, sem aval, até então.
Washington tentou diversas vezes persuadir a monarquia a aumentar sua produção para favorecer as sanções contra o petróleo russo, em meio à invasão da Ucrânia. Os sauditas, contudo, mantêm um acordo com Moscou sobre os níveis de oferta.
O pacto do chamado grupo OPEP+ — composto por membros e não-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) — expira em setembro próximo, o que pode abrir uma janela para um acordo entre Arábia Saudita e Estados Unidos.
Biden considera visitar a monarquia no fim de junho. Caso prossiga, sua visita será vista como reviravolta na posição da Casa Branca desde sua posse, em janeiro de 2021.
Durante a campanha, no ano anterior, o então candidato democrata descreveu o reino como “estado pária” e acusou o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman de envolvimento na morte de Jamal Khashoggi, repórter do Washington Post, dentro do consulado saudita em Istambul, em outubro de 2018.
LEIA: Mediação dos EUA pode abrir caminho para normalização saudi-israelense