A polícia iraniana disparou munição real para o alto e gás lacrimogêneo contra a multidão para tentar reprimir mais uma noite de protestos após o desabamento mortal de um edifício de dez andares na cidade de Abadan, na província de Cuzistão, rica em petróleo, no sudoeste do país.
Denúncias indicam corrupção público-privada em detrimento de padrões de segurança.
As informações foram compiladas pela agência Reuters, a partir de relatos das redes sociais e da agência iraniana Fars.
Oficiais locais reportaram 29 mortos e 37 feridos desde o desabamento do prédio residencial e comercial de dez andares, na última segunda-feira (23). Treze pessoas foram presas, até então, sob suspeita de violação de alvarás.
Além disso, autoridades responsáveis detiveram o atual prefeito de Abadan, seus antecessores e diversos funcionários municipais, acusados de negligenciar alertas de segurança.
O governo central anunciou um dia de luto neste domingo (29), confirmou a mídia estatal.
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Segundo a agência Fars, o protesto em Abadan tornou-se violento quando manifestantes tentaram adentrar no local do incidente, onde operações de resgate continuam. A polícia disparou gás lacrimogêneo e tiros de alerta, insistiu a reportagem.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram pessoas em busca de cobertura. Gritos de “Não atire” e sons de disparos podem ser ouvidos. Em um vídeo não-verificado, manifestantes na cidade portuária de Mahshahr repetem aos gritos: “Eles roubaram gás e petróleo, roubaram nosso sangue”.
Marchas em solidariedade às vítimas de Abadan ocorreram ainda em diversas áreas próximas, assim como na cidade central de Shahin Shahr e na cidade de Shiraz, no sul do país, conforme postagens nas redes sociais.
Na sexta-feira (27), o vice-presidente Mohammad Mokhber sugeriu em entrevista à televisão local que a “corrupção generalizada” entre construtora, empreiteira e agentes de fiscalização foi responsável pelo desastre.
Como nos protestos anteriores contra a inflação dos alimentos, residentes e manifestantes relataram falha nos serviços de internet — eventual tentativa de impedir a convocação de protestos e a divulgação de registros nas redes sociais. Oficiais negam bloquear a internet.