O regime sírio deteve o chefe de uma de suas divisões de inteligência militar que é acusado de executar e raptar dezenas de sírios no bairro Tadamon da capital, Damasco, informou ontem a Rede Síria para os Direitos Humanos (SNHR).
Segundo a organização, o regime sírio deteve Amjad Youssef, um oficial da Divisão de Inteligência Militar da 227ª Região das forças de segurança do regime sírio, que apareceu em abril em um relatório pegando um homem vendado e empurrando-o para um buraco cheio de corpos.
Segundo a reportagem, Yousef confessou ter prendido ou sequestrado dezenas de sírios em 2013, sendo que 41 dos detidos foram levados para uma cova feita para servir de vala comum, onde foram jogados e mortos a tiros antes que seus corpos fossem incendiados.
A SNHR disse que o regime sírio reteve Yousef, mas ele não foi encaminhado ao judiciário, e o regime não emitiu nenhuma informação indicando sua prisão.
Ainda, enfatizou que o regime pode ‘desaparecer’ com Amjad Yousef ou matá-lo depois que ele confessou seus crimes por medo de que mais pessoas envolvidas sejam expostas e para impedir investigações futuras.
“O regime sírio protege os perpetradores de violações e, em alguns casos, os promove, para que eles estejam cientes de que seu próprio destino está sempre organicamente ligado ao destino do regime, e para que defendê-lo se torne uma parte essencial de sua própria defesa”, disse a ASNHR, acrescentando que Yousef e milhares de outros membros dos serviços de segurança e forças do exército do regime não teriam cometido violações tão atrozes se não fossem parte de uma política deliberada implementada por ordem direta do chefe do regime sírio, Bashar Al -Assad, o comandante-chefe do Exército e das Forças Armadas.
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“Tais violações em grande escala precisam da coordenação e cooperação de dezenas de indivíduos e instituições e, embora o regime sírio deva estar ciente delas, não apenas falhou em instituir qualquer dissuasão ou responsabilização, mas também deu as ordens e facilitou sua comissão”, disse.
A Rede Síria expressou preocupação com o destino das 87.000 pessoas documentadas como desaparecidas à força nas prisões do regime, que pode ser semelhante ao sofrido pelas vítimas no bairro de Tadamon .
Segundo a organização, o regime sírio continua a deter pelo menos 131.469 dos presos desde março de 2011, com 86.792 classificados como desaparecidos à força, incluindo 1.738 crianças e 4.986 mulheres.
Além disso, o regime sírio não anunciou a identidade dos mortos por Yousef e seus parceiros nem informou as famílias das vítimas de suas mortes.
O regime sírio tem usado sistematicamente o desaparecimento forçado como uma de suas ferramentas mais proeminentes de repressão e terrorismo visando esmagar e aniquilar oponentes políticos simplesmente por expressarem sua opinião.