Uma plataforma de perfuração encarregada de extrair gás natural para o mercado israelense chegou a uma área marítima disputada com o Líbano, a cerca de 80 km da cidade costeira de Haifa, no território considerado Israel, confirmou a televisão local.
A plataforma, pertencente à companhia grega Energean, deixou Singapura há cinco semanas para juntar-se às controversas plataformas Tamar e Leviathan, que abastecem Israel com gás natural.
A chegada da plataforma indignou as autoridades em Beirute. O presidente Michel Aoun alertou que qualquer atividade em mares disputados pode ser interpretada como ato de agressão ou provocação.
Ao descrever o novo avanço como “extremamente perigoso”, o primeiro-ministro em exercício Najib Mikati acusou Israel de “usurpar as riquezas marítimas do Líbano e buscar impor um fato consumado em uma área disputada”.
A Energean confirmou que sua instalação flutuante de armazenamento e descarga chegou ao campo de Karish neste domingo (5) e deve funcionar a partir do terceiro trimestre.
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A questão é assolada por uma disputa de fronteiras marítimas em curso entre Líbano e Israel. Em outubro de 2020, foram lançadas negociações indiretas entre as partes, sob mediação da Organização das Nações Unidas (ONU) e dos Estados Unidos. Porém, continuam sob impasse.
O campo de Karish contém comprovadamente 1.4 trilhão de pés cúbicos de gás natural e pode representar um divisor de águas no Líbano, que sofre de um colapso fiscal há anos, incluindo a escassez crônica de bens combustíveis.
Em agosto de 2016, a Energean comprou os campos de Karish e Tanin, localizados em águas profundas a cerca de 100 km do litoral israelense por US$148 milhões, das empresas israelo-estadunidenses Delek Group e Noble Energy, segundo a Reuters.
A Energean é a única produtora de petróleo da Grécia com rendimento médio de 3.500 barris por dia, conforme estimativas de 2016. Os campos de Karish e Tanin são os maiores ativos da empresa, com reservas combinadas de 2.4 trilhões de metros cúbicos.