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General da reserva dos EUA é investigado por lobby ilegal em favor do Catar

John R. Allen, presidente do Instituto Brookings, durante encontro do FMI/Banco Mundial em Washington DC, 20 de abril de 2018 [Brendan Smialowski/AFP via Getty Images]
John R. Allen, presidente do Instituto Brookings, durante encontro do FMI/Banco Mundial em Washington DC, 20 de abril de 2018 [Brendan Smialowski/AFP via Getty Images]

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o Departamento Federal de Investigação (FBI) conduzem em um inquérito sobre a influência de estados ricos da região do Golfo, como Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, no governo americano.

A investigação chegou agora às portas do general quatro estrelas John Allen, afastado de eventuais funções na reserva militar, a partir desta quarta-feira (8). Allen é presidente do Instituto Brookings, acusado de promover lobby ilegal em favor do Catar.

Dados eletrônicos apreendidos pelo FBI indicam declarações falsas de Allen e documentos “incriminatórios”. O general é também suspeito de reter evidências sob mandado federal.

Allen comandou as forças dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no Afeganistão.

O general não foi indiciado até então e nega qualquer delito.

Seu porta-voz Beau Phillips destacou em comunicado: “John Allen cooperou voluntariamente com a investigação sobre a matéria. Seus esforços em torno do Catar, em 2017, tinham como objetivo proteger os interesses dos Estados Unidos e de equipes militares radicadas no Catar. John Allen jamais recebeu remunerações por tais esforços”

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Em abril, a promotoria requereu um mandado de busca sobre os contatos eletrônicos de Allen, em documento registrado na Corte Federal do Distrito Central da Califórnia. Allen foi afastado do exército após detalhes do inquérito vazarem ao público; entretanto, boa parte do processo permanece em sigilo.

Detalhes reportados pela rede Associated Press e pelo jornal The New York Times sugerem que Allen promoveu influência catariana na política americana em meados de 2017, quando Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e países aliados impuseram um bloqueio a Doha.

Na ocasião, o presidente Donald Trump parecia contrapor a posição do Catar. Segundo as denúncias, os esforços de Allen favoreceram uma mudança política.

Promotores observam que Allen conduziu lobby junto de H.R. McMaster, assessor de segurança nacional e então general em exercício, para que a Casa Branca adotasse um tom mais amistoso. Segundo documentos judiciais, todavia, Allen não revelou a McMaster que recebia pagamentos para tanto, o que configura ilegalidade.

A legislação federal dos Estados Unidos autoriza o lobby estrangeiro, desde que protocolado no Departamento de Justiça, conforme o Ato de Registro de Agentes Externos (FARA). Allen jamais foi registrado devidamente.

Os promotores apontaram ainda um interesse especial em analisar possíveis violações de estados do Golfo. Em maio, o Departamento de Justiça deferiu um novo mandado contra Thomas Barrack, amigo e assessor informal de Trump. Em 2021, Barrack foi indiciado por conduzir lobby ilegal em nome dos Emirados.

Na última semana, Richard Olson, ex-embaixador em Abu Dhabi e representante especial no Afeganistão e Paquistão, declarou-se culpado de crimes federais referentes ao inquérito em curso. Segundo informações, Olson está cooperando com a promotoria pública no processo contra Allen.

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