Um proeminente caso de lobby em Washington encomendado por estados do Golfo culminou na renúncia do general John Allen — membro aposentado do Corpo de Fuzileiros Navais — da presidência do Instituto Brookings.
Na semana passada, um inquérito em curso do Departamento de Defesa e do Departamento Federal de Investigação (FBI) bateu às portas do general quatro estrelas. Allen foi acusado de influenciar a política da Casa Branca em favor de países árabes, como Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
A princípio, Allen foi afastado de eventuais funções administrativas, após dados eletrônicos apreendidos pelo FBI implicarem o general em perjúrio e lobby ilegal em nome do governo catariano. Segundo documentos judiciais, o veterano de 68 anos mentiu aos investigadores sobre suas operações e tentou encobrir evidências sob mandado federal.
Em comunicado divulgado no domingo (12), o conhecido Instituto Brookings confirmou a exoneração de Allen.
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“A integridade e os objetivos da bolsa de estudos Brookings representam o principal ativo de nossa organização e pretendemos preservar os mais altos padrões éticos em todas as nossas operações”, declarou um comunicado assinado por Glenn Hutchins e Suzanne Nora Johnson, copresidentes do conselho administrativo.
“Nossa política sobre pesquisas independentes e sobre integridade reflete tais valores”, reafirmaram Hutchins e Johnson às suas equipes.
Em comunicado, Allen não fez qualquer menção ao inquérito em curso. “Embora deixe o instituto com coração pesado, compreendo que é o melhor às partes interessadas neste momento”, declarou o general.
Documentos obtidos pela rede Associated Press e pelo jornal The New York Times indicam que Allen conduziu lobby junto à Casa Branca em 2017, quando Arábia Saudita, Emirados e aliados impuseram um bloqueio ao Catar. A princípio, o presidente Donald Trump pareceu capitular à alegação saudi-emiradense, mas uma intervenção de Allen supostamente alterou sua política.
Autoridades sugeriram que Allen convenceu H.R. McMaster — assessor de segurança nacional da Casa Branca e então general da ativa — a persuadir a administração a adotar um tom mais amistoso. Segundo a denúncia, Allen jamais informou McMaster de que fora remunerado por sua intervenção, o que configura ilegalidade.
O general da reserva não foi indiciado até então e nega qualquer delito.
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Seu porta-voz, Beau Phillips, comentou: “John Allen cooperou voluntariamente com o inquérito do governo sobre a questão. Os esforços de John Allen referentes ao Catar, em 2017, possuíam como objetivo proteger os interesses dos Estados Unidos e das tropas radicadas no Catar. John Allen não recebeu qualquer remuneração por seus esforços”.