Representantes marroquinos e argelinos nas Nações Unidas trocaram críticas em relação à disputada região do Saara Ocidental e à Frente Polisario (um movimento político-revolucionário em favor da autonomia do território do Saara Ocidental) na segunda-feira à noite.
Isto aconteceu durante o Quarto Comitê da Assembleia Geral das Nações Unidas, também conhecido como Comitê Especial Político e de Descolonização, realizado em Nova York. A reunião durou mais de duas horas e meia.
O Marrocos propõe a ampliação da autonomia na região em disputa sob a soberania de Rabat, enquanto a Frente Polisario busca um referendo de autodeterminação, uma proposta apoiada pela Argélia.
Durante a reunião da ONU, o representante do Marrocos nas Nações Unidas, o embaixador Omar Hilale, disse que a região do Saara “foi e continuará sendo marroquina”.
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Enquanto o representante permanente da Argélia junto às Nações Unidas, o embaixador Ennadir Larbaoui, disse que “a solução que propomos representa a única solução para a região do Saara”, em referência ao referendo.
O embaixador argelino acusou o Marrocos de “procurar incitar a opinião pública mundial a respeito da região do Saara e fazer com que a questão do fim e da liquidação do colonialismo mude”.
O Marrocos está em conflito com a Frente Polisario sobre o Saara Ocidental desde 1975, após o fim da ocupação espanhola. Ele se transformou em um confronto armado que durou até 1991 e terminou com a assinatura de um acordo de cessar-fogo.
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O cessar-fogo de 1991 chegou ao fim no ano passado, depois que o Marrocos retomou as operações militares na fronteira de El Guergarat, uma zona tampão entre o território reivindicado pelo Estado do Marrocos e a autodeclarada República Árabe Saharaui Democrática, o que, segundo a Polisario, foi uma provocação.
A questão do Saara Ocidental tem causado tensões cada vez maiores entre Marrocos e a Argélia, sendo esta última acusada de apoiar as intenções separatistas da Frente.
O Marrocos, que reivindica o Sahara Ocidental como seu, concordou em restabelecer os laços com Israel em 2020, como parte dos Acordos de Abraão, parte dos quais incluía o reconhecimento da soberania do reino sobre o território pelos Estados Unidos.
No ano passado, a Argélia cortou relações diplomáticas com Rabat, citando “uma série de atitudes e tendências hostis”. Também surgiram tensões diplomáticas entre a Espanha e a Argélia, depois que o primeiro mudou sua posição, apoiando o “plano de autonomia” do Marrocos para o Saara Ocidental. Recentemente, a Argélia ameaçou cortar seu fornecimento de gás para a Espanha se os revendesse para o Marrocos.