A Associação Tunisiana em Defesa das Liberdades Civis requereu das autoridades federais que revelem as verdadeiras condições de saúde do presidente Kais Saied, após a “confirmação” de vazamentos atribuídos a Nadia Akacha, ex-diretora do gabinete executivo.
Na segunda-feira (13), a revista francesa Jeune Afrique corroborou a autenticidade dos áudios vazados. A associação comentou o episódio em comunicado emitido no dia seguinte: “Dada a gravidade do conteúdo divulgado, sobretudo concernente à saúde mental do chefe de estado, pedimos à Presidência da República que emita uma declaração pública sobre as condições de saúde de seu incumbente”.
A entidade criticou ainda a ordem de prisão contra o jornalista Saleh Attia, ao rechaçar o indiciamento de civis perante tribunais militares.
A associação reiterou seu repúdio à perseguição em curso contra jornalistas, blogueiros e, de modo geral, contra a liberdade de expressão, seja em meios tradicionais ou eletrônicos e nas redes sociais — “em prejuízo do Decreto [Constitucional] n° 115, relacionado às liberdades de imprensa e publicação”.
Em telefonema com Atef al-Hamzawi, funcionário da embaixada dos Estados Unidos em Paris, Akacha afirmou que Saied sofre de uma “doença mental” que demanda cuidados urgentes. A assessora presidencial mencionou “receios” de chefes de estado e governo no exterior, como Emmanuel Macron, presidente da França.
Saied assumiu poderes quase absolutos em julho de 2021, quando depôs o primeiro-ministro, congelou o legislativo e passou a governar por decreto. Desde então, políticos e ativistas civis são julgados em cortes militares. Opositores e analistas denunciam golpe de estado.