Autoridades de Israel excluíram comunidades árabes de um plano-piloto de energia solar promovido como modelo para a indústria, reportou neste domingo (19) o jornal Haaretz.
A decisão pode impactar o acesso dos cidadãos palestinos a recursos sustentáveis por anos, devido a uma mudança nas condições impostas pela Autoridade de Terras de Israel sobre o projeto, de modo a torná-lo exclusivo às comunidades judaicas.
“O critério discriminatório neste projeto de energia voltaico é uma injustiça climática”, afirmou Joseph Abramovich, pioneiro da energia solar em Israel e na África e um dos nomes por trás do projeto Wadi Attir, envolvendo comunidades beduínas no deserto do Negev.
Segundo Abramovich, o governo israelense abriu as licitações do plano-piloto apenas a terras pertencentes a cidadãos judeus.
Embora os Ministérios da Agricultura e Energia tenham selecionado cinco lotes em Wadi Attir para o novo projeto, a Autoridade de Terras decidiu excluí-los da iniciativa no mês de janeiro.
“Não há nenhuma disputa. O Negev tem grande potencial para alternativas não-poluentes de produção de energia”, afirmou a agência israelense ao Haaretz, ao alegar que a aprovação de Wadi Attir está sob avaliação. No entanto, conforme a reportagem, ambos os ministérios não conseguiram convencer as autoridades a reverter sua política.
Segundo Lina Alatawna, diretora executiva do projeto Wadi Attir, recursos de energia solar no Negev podem atrair investimentos do setor privado, reduzir desigualdades e criar milhares de empregos para as comunidades beduínas na região.
“A Autoridade de Terras de Israel estabeleceu critérios injustificados que ameaçam o futuro acesso à energia elétrica das comunidades beduínas”, advertiu Alatawna.
Previamente, o Ministério de Recursos Hídricos, Energia e Infraestrutura de Israel declarou: “A agricultura no Negev, onde situam-se as terras beduínas, tem enorme potencial de sucesso em sua integração à rede de energia solar”.
O Ministério da Agricultura recomendou a realização do projeto — “em benefício da sociedade beduína” —, mas destacou que a decisão final cabe a Autoridade de Terras do estado sionista.
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