Conversas para ampliar o comércio entre os seis estados-membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e o Reino Unido continuam nesta quarta-feira (22), na cidade de Riad, capital da Arábia Saudita; porém, sem expectativa de avanços consideráveis em direitos humanos.
O acordo deve ampliar o comércio entre as partes em cerca de US$2 bilhões por ano.
A Secretária do Comércio do Reino Unido Anne-Marie Trevelyan está em Riad para tratar das negociações sobre livre comércio com os membros da organização — isto é, Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
O bloco econômico do Golfo é o sétimo maior exportador de produtos britânicos, com comércio bilateral equivalente a US$41 bilhões por ano.
Segundo estimativas, a procura por bens e serviços na região deve crescer 35% até 2035.
O acordo de livre comércio supostamente pode ainda abrir as portas para maior investimento do Golfo no estado europeu, com promessa de novos empregos em todo o país.
“Hoje representa um marco a nosso comércio cinco estrelas, enquanto avançamos nas relações do Reino Unido com o Golfo”, afirmou Trevelyan. “Este acordo tem potencial de criar empregos de Dover a Doha, desenvolver nossa economia doméstica, expandir a indústria verde e fornecer serviços inovadores ao Golfo”.
O tratado deve reduzir o custo de cereais, tributados atualmente em até 25%; chocolate, 15%; produtos de padaria, 12%; bolachas, 10%; e salmão defumado, 5%.
Segundo dados do governo, investimentos do Golfo criaram 25 mil novos empregos no Reino Unido, em 2019 — número que triplicou na década anterior. Além de Yorkshire e Humber, as regiões leste, oeste e norte deverão receber os maiores ganhos proporcionais.
Londres prometeu ainda favorecer Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte ao remeter um total de US$600 milhões a suas respectivas economias conforme o acordo.
As negociações, no entanto, são assoladas por denúncias de violações de direitos humanos.
Com a guerra no Iêmen, o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi e milhares de prisioneiros políticos, o histórico saudita é motivo de apreensão internacional, assim como a repressão dos Emirados contra opositores e o tratamento concedido a trabalhadores estrangeiros por toda a região.
Trevelyan, não obstante, buscou minimizar os abusos de direitos humanos ao transferir as “ansiedades” britânicas à pasta de Relações Exteriores. Todavia, prometeu utilizar os laços comerciais para que o Reino Unido possa se engajar mais na pauta humanitária.
Paul Nowak, vice-secretário do Congresso de Sindicatos do Reino Unido (TUC), advertiu que o governo não deveria “alimentar” um tratado sem reivindicar reformas. “O histórico aterrador dos estados do Golfo sobre direitos humanos e trabalhistas não é segredo algum; ainda assim, o governo se apressa em firmar acordos comerciais sem fazer perguntas”.