O Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas confirmou nesta terça-feira (28) que 306.887 civis faleceram na Síria desde o advento da guerra civil, em março de 2011 — ou seja, equivalente a 1.5% da população pré-guerra. Os índices representam a maior estimativa até então, segundo informações da agência Reuters.
O conflito na Síria decorreu da repressão brutal do regime de Bashar al-Assad contra protestos por democracia. Ao longo dos anos, tornou-se uma guerra entre inúmeras facções que exauriu a população e envolveu as potências globais.
As trincheiras permanecem congeladas há anos, mas a violência e crise humanitária continua a afligir milhões de deslocados internos.
As últimas estimativas — baseadas em oito fontes que cobriram os dez primeiros anos de guerra — contabilizaram média de 83 mortes diárias, incluindo 18 crianças.
“A extensão das baixas civis na última década representa 1.5% da população total da República Árabe da Síria no início do conflito, o que levanta graves receios sobre o fracasso das partes em respeitar as normas internacionais para proteção de civis”, reafirmou o relatório encomendado pelo Conselho de Direitos Humanos, sediado em Genebra.
Ainda assim, a estimativa deve refletir “apenas uma parcela das mortes”, reiterou o texto, dado que compreende somente vítimas diretas da violência e exclui óbitos que resultaram da falta de serviços de saúde ou de acesso a comida e água; tampouco abrange mortes não-civis.
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A principal causa de baixas civis foi descrita como “armas múltiplas” (35.1%), incluindo confrontos, emboscadas e massacres. Em seguida, estão armamentos pesados (23.3%).
Michelle Bachelet, chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, constatou que a recente análise concede “maior nitidez sobre a severidade e escala do conflito”.
No último ano, as Nações Unidas calcularam ao menos 350.209 mortos na Síria. No entanto, Francesca Marotta, chefe de metodologia da agência humanitária, confirmou que os índices também excluíam baixas não-civis.