A Holanda emitiu nesta segunda-feira (11) “profundas desculpas” pelo papel exercido por suas tropas de paz na Bósnia, quando cerca de oito mil muçulmanos foram mortos por soldados da Sérvia, sob comando do general Ratko Mladic.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A Ministra da Defesa da Holanda Kajsa Ollongren deferiu suas desculpas no 27° aniversário do genocídio, durante evento no Centro Memorial de Potocari, na Bósnia e Herzegovina. “Apenas um lado é culpado pelo hediondo genocídio: o Exército Bósnio da Sérvia”, destacou a ministra.
“Mas sejamos claros: a comunidade internacional fracassou em oferecer a proteção adequada ao povo de Srebrenica; como parte deste grupo, o governo holandês carrega responsabilidade pela situação na qual ocorreu tamanho fracasso”, reafirmou Ollongren com a mão no coração. “Por isso, ofereço nossas profundas desculpas”.
Em 2007, parentes das vítimas registraram um processo no Tribunal Distrital de Haia contra Amsterdã. A corte considerou o estado como culpado por entregar ao menos 300 civis, que pediram asilo à coalizão das Nações Unidas, aos ocupantes sérvios.
The international community failed to offer adequate protection to the people of Srebrenica. And as part of that community, the Dutch government shares political responsibility for the situation in which that failure occurred. For this we offer our deepest apologies. pic.twitter.com/CwfNMyV122
— Kajsa Ollongren (@DefensieMin) July 11, 2022
Em julho de 1995, mais de oito mil bósnios muçulmanos – entre homens e meninos – foram executados por um ataque de forças sectárias à cidade oriental de Srebrenica, a despeito da presença das tropas de paz, incluindo soldados holandeses.
Em meados de 1993, o Conselho de Segurança das Nações Unidas declarou Srebrenica como “área segura”. No entanto, forças do general Mladic invadiram e devastaram a “zona neutra” estabelecida pela ONU.
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Os soldados holandeses não apresentaram qualquer resposta adequada à ocupação sérvia, que resultou na morte de dois mil homens e meninos somente em seu primeiro dia de ofensiva, em 11 de julho de 1995. Cerca de 15 mil residentes fugiram para as montanhas; as forças sérvias os seguiram e mataram outras seis mil pessoas.
Os corpos das vítimas foram descobertos em 570 lugares distintos do país.
Em 2007, o Tribunal Internacional de Justiça, radicado em Haia, designou o ataque a Srebrenica como crime de genocídio. Em 8 de junho de 2021, um tribunal de segunda instância das Nações Unidas sentenciou Mladic a prisão perpétua, por crimes de guerra e lesa-humanidade, incluindo genocídio e perseguição étnica, cometidos na Bósnia e Herzegovina.