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Biden inicia visita sensível a Arábia Saudita; não há expectativa de acordo de petróleo

Presidente dos EUA Joe Biden é recebido no Aeroporto Internacional Rei Abdulaziz em Jeddah, Arábia Saudita, 15 de julho de 2022 [Mandel Ngan/AFP/Getty Images]

O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden chegou à Arábia Saudita nesta sexta-feira (15) com objetivo de discutir exportações de energia, direitos humanos e cooperação de segurança, em uma viagem projetada pela Casa Branca para ressuscitar relações com um país que o veterano democrata descreveu em campanha como “estado pária”.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Demandas de energia e segurança constrangeram o presidente e assessores a recuar em sua postura de isolamento da monarquia – maior exportadora de petróleo do mundo e potência regional que decidiu aproximar-se recentemente da China e da Federação Russa.

Todavia, Jake Sullivan – assessor de Segurança Nacional da Casa Branca – negou esperanças de um aumento imediato na produção de petróleo saudita, cujo resultado seria amortizar o preço da gasolina e de outros insumos combustíveis, a fim de conter a inflação internacional.

Os Estados Unidos enfrentam sua maior onda de carestia em quatro décadas.

Segundo a Casa Branca, Biden se encontrará primeiro com o Rei da Arábia Saudita Salman bin Abdulaziz no Palácio Real, na cidade de Jeddah. Em seguida, realizará uma sessão de trabalho junto de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto do país.

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Jeddah também receberá um grande encontro de líderes árabes neste sábado (16).

Biden discutirá segurança energética com representantes do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), na expectativa de angariar a colaboração do grupo conhecido como OPEP+ – que abarca países-membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e outros mercados, incluindo a Rússia.

Não obstante, é improvável que as conversas culminem em anúncios bilaterais, reiterou Sullivan durante seu voo direto de Israel a Jeddah.

“Acreditamos que qualquer ação para assegurar abastecimento suficiente de energia em favor da economia global será feita no contexto da OPEP+”, afirmou Sullivan. “Temos esperanças de ver esforços adicionais do grupo nas próximas semanas”.

A OPEP+ deve se reunir em 3 de agosto, com a presença da Rússia – sob sanções internacionais devido à invasão militar da Ucrânia.

A viagem sensível de Biden será observada atentamente pelo grupo e sua retórica e mesmo linguagem corporal será testada por todas as partes interessadas – incluindo Arábia Saudita.

Previamente, a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) confirmou que bin Salman ratificou pessoalmente a execução sumária de Jamal Khashoggi – articulista do The Washington Post – sob uma emboscada no consulado saudita em Istambul, em outubro de 2018. O príncipe herdeiro nega qualquer envolvimento no crime.

Biden deseja “recalibrar” as relações com Riad e não rompê-las, argumentou Sullivan.

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Assessores da Casa Branca se recusaram a reconhecer se o presidente apertarás as mãos de bin Salman, dado que seu encontro é inevitável na cúpula do Golfo em Jeddah – centro de negócios da monarquia e cidade portuária do Mar Vermelho.

“O presidente se encontrará com dezenas de líderes regionais e os cumprimentará como sempre faz”, declarou uma fonte próxima ao Salão Oval nesta quinta-feira (14).

No início da viagem de Biden ao Oriente Médio, assessores alegaram que o político de 79 anos evitaria contato físico – como aperto de mãos – devido ao coronavírus. O presidente, contudo, engajou-se em cumprimentos acalorados com os líderes de Israel.

Na quinta-feira, Biden reforçou sua postura sobre a morte de Khashoggi como “absolutamente clara”. Em 2020, durante a campanha eleitoral contra seu predecessor Donald Trump – notório por sua amizade com bin Salman –, Biden descreveu a monarquia como “estado pária”.

Biden também prometeu abordar questões de direitos humanos na Arábia Saudita; contudo, sem especificar sua pauta.

Reema bint Bandar al-Saud – embaixadora saudita em Washington – enunciou em texto divulgado pela revista Politico o “repúdio” da monarquia ao crime, ao descrevê-lo como “atrocidade hedionda” que não pode definir o relacionamento entre as partes.

Segundo a diplomata, as relações tampouco podem ser vistas pelo paradigma “reducionista e anacrônico” de petróleo em troca de segurança. “O mundo mudou e os riscos existenciais que enfrentamos – incluindo segurança energética e alimentar e a crise climática – não podem ser solucionados sem uma aliança efetiva entre Estados Unidos e Arábia Saudita”.

Esforços ‘revolucionários’

Uma fonte da Casa Branca reiterou que Biden deverá encorajar esforços de “paz” e integração no Oriente Médio durante sua turnê internacional. Em sua agenda, estão a trégua no Iêmen, o “equilíbrio” dos mercados energéticos e a cooperação em tecnologias 5G e 6G.

Às vésperas da visita do presidente americano, a Arábia Saudita anunciou a abertura de seu espaço aéreo a todas as aeronaves comerciais, incluindo sobrevoos a partir de Israel. Biden celebrou a medida como importante passo histórico para maior estabilidade regional.

“Farei tudo que puder, por meio da diplomacia e do engajamento entre os líderes, para manter os avanços deste processo revolucionário”, declarou o presidente.

Biden será o primeiro chefe de governo dos Estados Unidos a voar diretamente de Israel a Jeddah – fato descrito pela Casa Branca como “pequeno símbolo” da aproximação entre a monarquia islâmica e a ocupação israelense.

Dois anos atrás, a Arábia Saudita concedeu seu apoio tácito à normalização de laços entre Emirados Árabes Unidos e Bahrein, por um lado, com o regime em Tel Aviv, por outro.

Os Acordos de Abraão – promovidos por Washington – estabeleceram um novo eixo regional, no qual países do Golfo partilham das apreensões israelenses sobre os programas atômicos e balísticos do Irã, além dos conflitos por procuração.

Arábia Saudita e Irã – monarquia sunita e república xiita, respectivamente – disputam há anos a influência regional. No último ano, ambos consentiram em negociar formas de atenuar tensões.

A embaixadora saudita insistiu que os esforços bilaterais a favor da paz e segurança no Oriente Médio devem se concentrar na maior cooperação e no “reforço de um sistema de regras”, com intuito de confrontar a “visão de caos outorgada por Teerã”.

Durante sua viagem a Israel, Biden reuniu-se com o premiê em exercício Yair Lapid para firmar um compromisso segundo o qual a república islâmica não terá acesso a armas atômicas, sob a renovação do acordo nuclear de 2018. Teerã nega intenções armamentistas.

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