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Londres pagou propina para vender armas a Riad; corte suspende processo

Protesto contra a venda de armas do Reino Unido à Arábia Saudita, em Londres, 18 de março de 2016 [Chris Ratcliffe/Getty Images]

O julgamento de dois intermediários que acenam a um caso histórico de propina – estimada em milhões de dólares pagos por Londres a nobres sauditas – foi suspenso pelo juiz britânico Simon Bryan nesta quinta-feira (14).

Segundo a denúncia, o objetivo da propina era garantir um lucrativo acordo de exportação de armas à monarquia islâmica, recentemente rechaçada por sua intervenção militar no Iêmen e perseguição de ativistas de direitos humanos.

Bryan dispensou o júri do Tribunal Real de Southwark e estabeleceu restrições sobre as razões para suspender o processo, como forma de antecipar um novo julgamento.

O caso registrado pelo Escritório de Fraudes Graves (SFO) se refere a um acordo do governo britânico para vender serviços de comunicação à Guarda Nacional da Arábia Saudita.

Os produtos foram entregues pela empreiteira britânica GPT, extinta unidade da corporação Airbus. A promotoria acusou Jeffrey Cook e John Mason – ex-diretor administrativo da GPT e ex-agente financeiro de duas sucursais, respectivamente – de enviar ao menos £9.7 milhões (US$11.9 milhões) em propina a oficiais sauditas entre 2007 e 2012.

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No início do julgamento em maio, Ian Winter – advogado de Jeffrey Cook – afirmou ao tribunal que Londres aprovou cerca de £60 milhões (US$74 milhões) em propina à monarquia, a fim de promover o enorme acordo de armamentos por décadas e encobrir os pagamentos através de um controverso arranjo de “negação plausível”.

Winter insistiu à corte que parte do pagamento foi enviado ao então príncipe Abdullah, mais tarde coroado rei. Abdullah faleceu em 2015 e foi sucedido por seu irmão caçula, Salman Bin Abdulaziz al-Saud.

Winter também afirmou ao tribunal que o Ministério da Defesa não apenas “aquiesceu ou tolerou os pagamentos … mas efetivamente os solicitou”.

O principal argumento a favor de Cook e Mason é que supostamente obedeciam a ordens do mais alto escalão do governo britânico.

Winter argumentou que o papel de seus clientes foi “imaterial”. Após a dissolução da empresa, o Ministério da Defesa trabalhou então para reformar o esquema de pagamentos irregulares à Arábia Saudita por meio de contas offshore.

Winter descreve ambos os acusados como “bode expiatório” de um esquema de propina em escala industrial – adotado por Londres desde o final dos anos 1970. Segundo o advogado, o processo “sequer arranhou a profundidade do problema”.

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