Biden promete ajuda aos palestinos, ignora novo plano de paz

Nesta sexta-feira (15), o Presidente dos Estados Unidos Joe Biden prometeu não abandonar os esforços de décadas para solucionar o conflito israelo-palestino, embora não tenha promovido qualquer nova proposta para ressuscitar o diálogo político entre as partes colidentes.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Biden encerrou a primeira parte de sua viagem pelo Oriente Médio, antes de partir à Arábia Saudita. O presidente americano visitou um hospital em Jerusalém Oriental e prometeu um pacote multianual de US$100 milhões em assistência técnica e financeira.

Entretanto, após se reunir com o Presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas na cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada, Biden admitiu que a criação de um estado palestino independente permanece distante, sem qualquer plano imediato para negociações com Israel.

“Mesmo que o solo pareça infértil no momento para restaurarmos o diálogo, os Estados Unidos e minha gestão não desistirão de tentar aproximar as partes”, insistiu Biden.

Abbas advertiu para os sucessivos recuos concernentes à chamada “solução de dois estados” – modelo abraçado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela comunidade internacional para supostamente solucionar o conflito.

Segundo Abbas, a janela de oportunidade está se fechando. Neste contexto, questionou o presidente palestino octogenário:

Não é hora de a ocupação acabar?

Abbas reiterou seus apelos para que a Casa Branca abra um consulado em Jerusalém Oriental – território ocupado reivindicado como capital de um futuro estado palestino –, além de retirar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) da lista de organizações terroristas e permitir que a entidade nacional reabra seu escritório em Washington.

Abbas também pediu apoio de Biden para obter justiça sobre o assassinato de Shireen Abu Akleh – jornalista palestino-americana da rede Al Jazeera, executada durante uma incursão militar israelense à cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada.

Israel mata a tiros a jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh durante a invasão de Jenin [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Antes de sua visita, líderes palestinos acusaram Biden de priorizar a integração de Israel a um novo arranjo de segurança com estados árabes em detrimento dos direitos das comunidades árabes, incluindo promessas de conter a apreensão de terras e a expansão de assentamentos ilegais em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada.

‘Palestinos sofrem’

Biden admitiu que, após anos de tentativas frustradas para superar o conflito, os palestinos vivem sob restrições onerosas na Faixa de Gaza sitiada e na Cisjordânia ocupada. “Podemos sentir a dor e a frustração”, declarou o presidente americano.

Além de recursos a hospitais em Jerusalém Oriental, Biden prometeu aprimorar a rede de telecomunicações com sistemas 4G até o fim de 2023, entre outros esforços para facilitar viagens entre Cisjordânia e Jordânia.

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Washington prometeu ainda enviar um pacote adicional de US$201 milhões à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

Entretanto, a atmosfera na Cisjordânia foi bastante diferente da recepção acalorada que o veterano democrata recebeu em Tel Aviv, onde foi cumprimentado como “velho amigo” e galardoado com a Medalha de Honra Presidencial.

Ao deixar o Palácio Presidencial na cidade de Belém, Biden avistou placas com a sentença: “Sr. Presidente, isto é apartheid”. A campanha de ongs locais – palestinas e israelenses – remete a denúncias de associações internacionais de direitos humanos de que a ocupação israelense na Palestina histórica culminou em crimes de lesa-humanidade, incluindo apartheid.

Ainda em Belém, enormes cartazes com o slogan “Justiça por Shireen” foram espalhados pelas ruas e um assento foi deixado vazio durante a coletiva de imprensa com Abbas, como símbolo da ausência da correspondente da Al Jazeera na ocasião.

Biden prometeu que os Estados Unidos continuarão a buscar justiça pela execução de Abu Akleh. Peritos americanos concluíram que o óbito “provavelmente” se deu por um disparo israelense, mas negaram evidências de dolo – alegação contestada por análises distintas.

Ativistas palestinos e grupos de imprensa acusam Israel de assassinar Abu Akleh. Tel Aviv nega, ao apresentar versões contraditórias sobre o incidente.

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