O senador Bernie Sanders reafirmou que a viagem “bonifica uma ditadura” e que não deveria ocorrer dado o envolvimento de Mohammed bin Salman – príncipe herdeiro e governante de facto da monarquia – no assassinato de Jamal Khashoggi, articulista do The Washington Post, dentro do consulado saudita em Istambul.
Ao pousar em Jeddah, o presidente americano cumprimentou bin Salman com um gesto que ficou conhecido no mundo pós-covid como fist-bump.
A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) constatou previamente que o príncipe herdeiro ordenou a morte de Khashoggi, em outubro de 2018.
Em entrevista concedida neste domingo (17) à emissora americana ABC, afirmou Sanders: “Não penso que [Biden] deveria fazê-lo. Temos o líder de um país que está envolvido na execução de um repórter do The Washington Post. Não penso que esse tipo de governo deva ser galardoado com uma visita do Presidente dos Estados Unidos”.
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A execução de Khashoggi é um persistente ponto de atrito entre Washington e Riad. Durante sua campanha à presidência, Biden descreveu a monarquia como “estado pária” e prometeu robustecer a posição da Casa Branca sobre suas violações de direitos humanos.
Bin Salman nega ter ordenado o crime.
Khashoggi – nascido na Arábia Saudita – era próximo da família real, mas teve de exilar-se na Virgínia após proferir críticas ao regime.
Na sexta-feira (15), o presidente democrata alegou ter informado o príncipe de que o considera responsável pelo assassinato. Um oficial saudita, não obstante, desmentiu Biden.
A viagem de Biden à monarquia buscou restaurar as relações entre as partes, após recordes de aumento nos preços do petróleo. Washington insiste que estados exportadores aumentem sua produção para compensar a queda decorrente das sanções ocidentais contra a Rússia, impostas após a invasão militar na Ucrânia.
Sanders concorreu diretamente à presidência contra Biden, durante as primárias do Partido Democrata às eleições de 2020.
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O senador por Vermont reiterou que Washington deveria impor impostos extraordinários sobre o lucro oriundo de combustíveis fósseis ao invés de aproximar-se da Arábia Saudita.
“Veja, temos uma família que vale US$100 bilhões, que põe a democracia em cheque, que trata mulheres como cidadãs de terceira classe, que assassina e encarcera seus oponentes”, declarou Sanders. “Caso este país acredita em qualquer coisa, acredite nos direitos humanos, acredite na democracia, então creio que não podemos manter relações acaloradas com uma ditadura como essa”.