Rached Ghannouchi, chefe do partido Ennahda e líder da oposição tunisiana, foi solto nesta terça-feira (19) após passar por horas de interrogatório judicial, investigado por lavagem de dinheiro por promotores alinhados ao presidente Kais Saied.
Ghannouchi foi presidente do parlamento dissolvido por Saied.
O caso remete a alegações de corrupção realizada por meio da Associação Namaa Tounes. O Ennahda, contudo, nega vínculos de Ghannouchi com a entidade e acusa o regime de buscar incriminá-lo sob motivação política.
Após sua soltura, a Procuradoria do Estado voltou a exigir um mandado de prisão contra o político da oposição, confirmou seu advogado de defesa Mokhtar al-Jamai, em uma breve postagem no Facebook.
Segundo Maher Medhjoub, vice-presidente do congresso dissolvido, mais de cinquenta advogados defendem Ghannouchi no caso em questão.
Os recursos de Ghannouchi e seus familiares foram congelados pelo Banco Central da Tunísia. Outros nove réus sofrem as mesmas sanções, incluindo o ex-premiê Hammadi Jebali.
O passaporte de Ghannouchi e outros permanece retido.
Saied é acusado de promover um golpe de estado, após destituir o governo, dissolver o parlamento, exonerar juízes e assumir poderes executivos quase absolutos.
A Tunísia se prepara para um referendo constitucional marcado para 25 de julho, sob o qual o presidente introduziu um novo sistema de governo que favorece seu cargo. O referendo sofre boicote da maioria dos partidos de oposição, incluindo o Ennahda.
LEIA: Grupo de direitos humanos da Tunísia processa presidente por violar lei eleitoral