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Fundador do WhatsApp dobrou doações para derrotar candidatos pró-Palestina

Logotipo do WhatsApp em Ancara, Turquia, 1° de fevereiro de 2022 [Celal Günes/Agência Anadolu]

Em junho, Jan Koum – inventor nascido na Ucrânia e criador do WhatsApp – doou o valor recorde de US$2 milhões à campanha do Comitê de Assuntos Públicos Israelo-Americano (AIPAC) para as primárias do Partido Democrata ao Congresso dos Estados Unidos.

Detalhes revelados pelo jornal Haaretz mostram que o multibilionário dobrou suas doações ao controverso lobby sionista. Analistas advertem que a influência de entes estrangeiros sobre as primárias democratas representa uma “ameaça existencial” ao partido no governo, sobretudo dado a proeminência de políticos republicanos em Tel Aviv.

Sucessivas doações garantiram recentemente uma onda de vitórias de candidatos favoráveis a Israel, em detrimento de figuras populares e progressistas, em um momento no qual o partido do presidente Joe Biden sofre uma dura crise de representatividade.

Koum – cuja fortuna é estimada entre US$9.8 e US$13.7 bilhões – dobrou o ápice das doações ao Projeto Democracia Unida da AIPAC. Seu apoio a causas sionistas, no entanto, não se limita ao processo eleitoral. De 2019 a 2020, Koum doou US$140 milhões a cerca de 70 organizações filantrópicas alinhadas a Israel, que operam nos Estados Unidos.

LEIA: Democratas dos EUA enfrentam ‘ameaça existencial’ da crescente influência da AIPAC

Em uma de suas transações mais polêmicas, Koum enviou US$6 milhões à associação Amigos de Ir David, agente fiscal do movimento Elad em solo americano. O grupo israelense de ultradireita ostenta a missão de instalar colonos judeus em bairros palestinos de Jerusalém Oriental.

O Elad é descrito como braço armado de Israel para expropriar terras palestinas, incluindo propriedades privadas de refugiados da Nakba – em 1948 – e da Naksa – em 1967.

A associação pró-assentamentos foi fundada em 1986 e foca suas operações na aldeia ocupada de Silwan, em Jerusalém Oriental, ao sul da Cidade Velha e da Mesquita de Al-Aqsa.

Os relatos das doações de Koum ao AIPAC servem de alerta sobre a influência sionista no Partido Democrata e, consequentemente, no governo de Joe Biden.

Na terça-feira (19), a AIPAC desembolsou US$6 milhões para derrotar Donna Edwards, primeira mulher negra eleita ao parlamento pelo estado de Maryland, que passou oito anos no Capitólio. Edwards teve apoio da Presidente do Congresso Nancy Pelosi, entre outros figuras de destaque do establishment democrata.

Ainda assim, o investimento da AIPAC em Maryland superou qualquer outro comitê de ação política (PAC) nas primárias democratas. Edwards é apenas uma entre vários pré-candidatos progressistas alvejados pelo lobby sionista.

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