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Ben & Jerry’s vai à justiça contra venda de seus produtos nos assentamentos de Israel

Bandeira israelense no topo de um caminhão da fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s, em 21 de julho de 2021 [Emmanuel Dunand/AFP via Getty Images]
Bandeira israelense no topo de um caminhão da fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s, em 21 de julho de 2021 [Emmanuel Dunand/AFP via Getty Images]

A fabricante de sorvetes Ben & Jerry’s busca impedir na justiça que sua empresa matriz – a corporação Unilever – transfira propriedade intelectual e direitos de marca a uma sucursal israelense. O caso foi levado à Corte Federal do Distrito Sul de Nova York.

A Ben & Jerry’s reivindica uma ordem judicial para restringir a venda de seus produtos nos assentamentos ilegais da Cisjordânia ocupada, ao insistir que as operações contradizem os valores da marca.

Porém, o juiz Andrew Carter expressou nesta segunda-feira (8), durante audiência em Nova York, conservar dúvidas sobre “prejuízo iminente” à fabricante de sorvetes, após a Unilever vender os direitos da marca ao licenciado local Avi Zinger.

Em 5 de julho, a Ben & Jerry’s abriu um processo contra a Unilever – proprietária da fabricante de sorvetes sediada em Vermont desde 2000. O objetivo é impedir o repasse de seus negócios em Israel e nos territórios palestinos ao controverso empresário israelense.

Em 2021, a Ben & Jerry’s removeu seus produtos dos assentamentos ilegais na Cisjordânia ao apontar “incongruência de valores”. A medida levou a Unilever a firmar um pacto com Zinger para disponibilizar sorvetes da marca ao mercado local – incluindo assentamentos.

Embora o processo busque impedir a transferência como um todo, a audiência desta segunda-feira concentrou-se em averiguar um pedido de injunção temporária feito pelos advogados da Ben & Jerry’s para impedir que Zinger venda produtos vinculados à marca.

Shahmeer Halepota, advogado da Ben & Jerry’s, indicou que Zinger poderá comercializar novos produtos com “postura diametralmente oposta” à fabricante de sorvetes e incitar, deste modo, confusão contundente na percepção de mercado.

“Ao invés de Peace Pops, seria possível produzir Tank Pops”, argumentou Halepota, ao referir-se à nomenclatura em inglês para “paz” e “tanque de guerra”, eventualmente projetada a um mesmo produto com logotipo da Ben & Jerry’s.

Segundo o jornal Times of Israel, a equipe de advogados reiterou que o uso de sua identidade sob o nome-fantasia “Ben & Jerry’s Israel” poderia usurpar a imagem estabelecida da marca e mesmo alterar sabores e parâmetros de qualidade.

Por exemplo, caso a Ben & Jerry’s produzisse um sorvete comemorativo ao mercado palestino, o ramo israelense poderia usar o mesmo produto para expressar apoio aos assentamentos nos territórios ocupados, observou a companhia, ao destacar sua função social como fundamental ao sucesso de seus negócios.

LEIA: Ben & Jerry’s diz que Unilever congelou salários de diretores

O juiz postergou qualquer decisão, ao manifestar ambiguidade: “Não escuto nada sobre nada iminente. Não parece que nada vai ocorrer nas próximas semanas”.

A Unilever é detentora de mais de 400 marcas internacionais, incluindo o sabonete Dove, a maionese Hellman’s e o caldo temperado Knorr.

Ben&Jerry’s congelará vendas de sorvete nos assentamentos da Cisjordânia [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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