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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

TV francesa censura entrevista crítica aos bombardeios em Gaza

Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, em 5 de agosto de 2022 [Mohammed Asad/Monitor do Oriente Médio]
Bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, em 5 de agosto de 2022 [Mohammed Asad/Monitor do Oriente Médio]

A emissora francesa BFM TV censurou uma parte considerável de uma entrevista com Alain Gresh, conduzida no domingo (7), após o jornalista reportar ataques contra civis palestinos durante a mais recente ofensiva militar israelense contra a Faixa de Gaza.

Gresh foi abordado pelo canal de televisão para comentar a escalada de tensões entre Israel e o movimento palestino de Jihad Islâmica, após a prisão de um dos veteranos do grupo, Bassam al-Saadi, na segunda-feira anterior (1°).

“Primeiro, devemos nos lembrar que a escalada foi deflagrada por Israel, sem que Israel sofresse qualquer ataque no momento em que lançou suas operações”, destacou Gresh, diretor da revista online Orient XXI.

“Trata-se da quarta ou quinta guerra que Israel travou contra a Faixa de Gaza, com centenas de pessoas mortas”, advertiu. “Os palestinos vivem sob ocupação, seja em Gaza ou na Cisjordânia. Tais condições somente podem levar a mais violência e mais confrontos”.

A entrevista publicada no domingo se tornou “indisponível” nos canais online da emissora na noite do mesmo dia. Gresh afirmou no Twitter que seu convite para falar com o noticiário no dia seguinte fora cancelado.

No vídeo sem censura que Gresh compartilhou em sua página pessoal, o ex-editor do Le Monde Diplomatique destacou: “Lamentavelmente, Israel não aprendeu nada. Israel não quer respeitar as resoluções das Nações Unidas que demandam sua retirada dos territórios ocupados; todavia, reclama quando é atacado, o que perpetua um paradoxo”.

François Raineteau – diretor de comunicações da corporação matriz Antice France, proprietária do canal – alegou que o vídeo foi apagado das vias eletrônicas para “evitar manipulações”, após ser publicado em parte e não em sua totalidade.

Raineteau negou “qualquer censura na BFM TV” ao alegar: “Todas as opiniões e partes do conflito tem espaço ao vivo, nas entrevistas e nos relatos, assim como em nosso website”.

Os bombardeios israelenses resultaram em 44 palestinos mortos – incluindo 15 crianças e quatro mulheres –, reportou o Ministério da Saúde em Gaza. Ao menos 360 residentes do território sitiado foram feridos pelos ataques.

Cerca de 2.3 milhões de pessoas vivem na estreita Faixa de Gaza. Há 15 anos, a população palestina é submetida a um severo cerco militar imposto por Israel, impedida de procurar emprego e mesmo tratamento médico no exterior.

Além disso, o estado ocupante lançou quatro ofensivas militares de larga escala contra o território sitiado desde 2008. Os ataques costumam afetar sobretudo a população civil e destruir residências e infraestrutura.

Gaza também faz fronteira com o Egito, que impõe restrições próprias à passagem dos palestinos por meio da travessia de Rafah.

LEIA: Onde estava o Hamas durante o último bombardeio de Israel a Gaza?

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