Mais de 20 mil pessoas cruzaram o Canal da Mancha somente em 2022, apesar das promessas do governo conservador britânico de que sua saída da União Europeia – Brexit – e seu recente acordo com Ruanda reduziriam índices de imigração.
No sábado (12), autoridades reportaram a chegada de 607 pessoas – terceira vez desde janeiro deste ano que o número de refugiados resgatados na rota de navegação mais movimentada do mundo ultrapassa a casa das 600 pessoas.
Os índices da imprensa confirmam previsões de aumento para 2022, a despeito das promessas de Londres. Estima-se que 60 mil pessoas terão atravessado o canal até dezembro. Em 2019, o índice registrado foi de 1.843 pessoas; em 2021, chegou a 28.526 refugiados.
Entidades humanitárias alertam que o plano do Reino Unido de enviar refugiados a Ruanda para que sejam “processados” aumenta os riscos de operações clandestinas, sob receios de deportação ao estado africano onde imigrantes são mais vulneráveis a exploração.
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Além disso, a medida do Tory – partido conservador britânico – aumentou o preço do tráfico humano a indivíduos carentes, sem qualquer redução efetiva na travessia de fronteira.
Durante o referendo do Brexit, em 2016, o então candidato conservador ao cargo de primeiro-ministro, Boris Johnson, afirmou: “A única maneira de retomar o controle da imigração é votar pela saída”. Priti Patel – hoje Secretária do Interior – insistiu que deixar a União Europeia traria “o caos migratório sob controle”.
Não obstante, desde a saída britânica do bloco europeu – em 31 de janeiro de 2020 – o número de refugiados atravessando o estreito de Dover decolou.
Londres então recorreu a um pacto com Ruanda para deportar pessoas para “processamento”, novamente sob a promessa de dissuadi-los da jornada. No entanto, sem qualquer eficácia. Em julho, um grupo de parlamentares advertiu que não há evidências de redução nos números de imigração sob o esquema de Ruanda.
Apesar dos alertas, candidatos conservadores ao cargo de Boris Johnson – em particular, Liz Truss e Rishi Sunak – continuam a prometer maior controle sobre a travessia de fronteiras e acordos similares a Ruanda com outros países.