Rishi Sunak – candidato à liderança do Partido Conservador do Reino Unido – observou nesta segunda-feira (15) que há “pontos bastante favoráveis” para transferir a embaixada britânica em Israel de Tel Aviv a Jerusalém, a fim de reconhecer a cidade santa como “capital histórica” do estado ocupante.
Seus comentários foram feitos durante um debate com membros do grupo de lobby sionista Conservadores Amigos de Israel.
Segundo a rede Jewish Chronicle, Sunak insistiu ao público considerar Jerusalém como “capital indivisível” do estado israelense e sugeriu reconhecê-la como tal, caso substitua Boris Johnson como Primeiro-Ministro do Reino Unido.
Não obstante, Sunak advertiu seus ouvintes de que não fora Secretário de Relações Exteriores até então e que, portanto, permanece alheio aos “detalhes” da questão.
O grupo de lobby pressionou Sunak a emitir um compromisso em nome do Partido Conservador para aprovar leis contrárias ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).
Sunak respondeu ao defender seu histórico como ministro, sobretudo em 2018, quando o governo agiu para impedir políticas de investimento supostamente contrárias aos valores britânicos, incluindo o BDS.
O projeto de lei sobre sanções e BDS – introduzido por políticos conservadores – busca impedir autoridades locais de “adotar sua própria abordagem nas relações internacionais”. Na ocasião, o Tory comprometeu-se via manifesto em proteger Israel do BDS – protesto pacífico e legítimo contra a ocupação militar e o apartheid na Palestina.
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“Como premiê, devemos garantir a aprovação da lei contra o BDS”, prometeu Sunak. “É um manifesto, um compromisso, e não deveria haver qualquer controvérsia. Gostaria de acabar com isso e fazê-lo o mais rápido possível”.
O candidato também criticou as denúncias da Anistia Internacional de que Israel impõe apartheid contra os palestinos.
“Essa é uma organização que se perdeu no caminho porque foi infectada por uma ideologia perigosíssima de esquerda, que devemos expurgar”, ameaçou Sunak.
Em resposta, Allan Hogarth – chefe de assuntos públicos da Anistia no Reino Unido – afirmou: “Rishi Sunak está errado. Não há ‘esquerdismo’ em algum pedir o fim do apartheid israelense ou pressionar o exército ucraniano a evitar baixas civis”.
“Nenhum governo está acima do escrutínio”, acrescentou Hogarth. “Pedimos a Rishi Sunak que leia bem nossos documentos, incluindo nossos relatórios sobre os crimes de guerra conduzidos pela Rússia na Ucrânia e os numerosas violações de direitos humanos de grupos armados e das autoridades palestinas”.
A Anistia está entre as organizações que denunciaram recentemente o sistema de apartheid israelense, junto do Human Rights Watch e da ong israelense B’Tselem.