Nesta terça-feira (30), o Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas reiterou seu apelo para que Israel cumpra suas obrigações internacionais. A chefe da pasta, Michelle Bachelet, expressou sua insatisfação após dois anos de negativa israelense à entrada de sua equipe para monitorar as condições na região.
“A negativa israelense em deferir ou renovar vistos para que agentes de direitos humanos das Nações Unidas entrem nos territórios palestinos ocupados não impedirá nosso departamento de monitorar e reportar a situação em campo”, declarou Bachelet.
“Em 2020, os 15 funcionários internacionais de meu escritório na Palestina – que opera no país há 26 anos – não tiveram escolha senão sair”, acrescentou a ex-presidente chilena.
Bachelet destacou que pedidos posteriores para emitir ou renovar vistos não obtêm resposta há dois anos. “Durante todo este tempo, tentei encontrar uma solução para o problema, mas Israel continua a recusar qualquer contato”.
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Como estado-membro da ONU, acrescentou Bachelet, “Israel deve colaborar de boa fé com a organização e conceder a seus oficiais privilégios e imunidades necessárias para que exerçam suas funções de maneira independente”.
Bachelet observou que a recusa israelense em tramitar os pedidos de visto é “inconsistente” com padrões adotados internacionalmente. “Peço ao governo [israelense] que cumpra suas obrigações sobre a questão”.
A diplomata destacou que o tratamento concedido por Tel Aviv a sua equipe é parte de uma preocupante tendência em obstruir acesso de entidades de direitos humanos aos territórios ocupados – “o que nos traz dúvida sobre o que as autoridades tentam esconder”.
Em 2021, forças israelenses mataram ao menos 320 palestinos, segundo informações da ONU – índice dez vezes maior que o ano anterior. Ao menos 17 mil pessoas foram feridas por ações da ocupação – aumento de seis vezes em relação a 2020.
Até então, em 2022, foram mortos 111 palestinos pelas forças de Israel. No entanto, as Nações Unidas registraram que o número de detenções dobrou. Os órgãos internacionais confirmaram ainda recordes sucessivos de violência colonial desde 2017, com auge no corrente ano.