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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Israel recebe críticas por explorar a tragédia dos judeus ucranianos

Judeus ortodoxos na travessia de fronteira de Medyka, na Polônia, em 25 de fevereiro de 2022 [Wotjek Radwanski/AFP/Getty Images]

Milhares de judeus ucranianos expulsos de suas terras pela invasão militar da Rússia receberam asilo de Israel e foram prontamente alojados nos assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada – medida criticada como “exploração cínica” do sofrimento dos refugiados, em favor do regime de apartheid nos territórios palestinos.

Mais de 30 mil ucranianos fugiram da Ucrânia com destino a Israel, incluindo 12 mil judeus. Sob a “Lei do Retorno” – denunciada por discriminar os palestinos nativos –, judeus ucranianos têm direito automático à cidadania israelense. Refugiados não-judeus – sobretudo cristãos – sofrem risco de deportação.

Segundo o jornal israelense Haaretz, desde o advento da guerra na Ucrânia, em fevereiro, mais de 21 mil refugiados sem cobertura da “Lei do Retorno” entraram em Israel; contudo, somente 14.500 continuaram no país, conforme estimativas do início de junho.

Refugiados cujo asilo foi negado por Tel Aviv partiram a países europeus – onde recebem ajuda e são regularizados – ou mesmo retornaram à Ucrânia. Aqueles que permanecem em Israel são desencorajados pelo governo a buscar status de refugiado.

A “Lei do Retorno” é utilizada para negar a seis milhões de refugiados palestinos seu direito de cidadania em sua terra ancestral. Instituída em 1950 – após a Nakba ou “catástrofe”, dois anos antes, sob o processo de limpeza étnica na Palestina histórica –, a “Lei do Retorno” consolidou uma política de migração e demografia embasada em raça e religião.

LEIA: A discriminação de Israel contra refugiados ucranianos não judeus é ‘completamente insana’

A “Lei do Retorno” confere a judeus estrangeiros o direito de se assentar em qualquer parte da Palestina, incluindo os assentamentos ilegais israelenses, sem necessidade de qualquer vínculo direto com a terra.

Em contrapartida, refugiados palestinos têm seu direito de retorno, consagrado pela lei internacional, negado há décadas.

Detalhes das práticas racistas de Tel Aviv foram expostos pela rede de notícias AFP. A agência acompanhou uma família de judeus ucranianos acomodada no assentamento ilegal de Maale Adumim, entre Jerusalém e o Mar Morto. Mais de 42 mil colonos vivem no local.

Dianna Buttu, advogada palestina de direitos humanos, descreveu a política como “exploração cínica” da tragédia dos refugiados. “Os ucranianos fogem da ocupação e da guerra e se tornam eles próprios ferramenta de criminosos de guerra”, comentou Buttu.

A construção e expansão de assentamentos em territórios ocupados são designadas crimes de guerra pela lei internacional.

Todavia, uma família de judeus ucranianos contactada pela AFP negou acusações de hipocrisia, ao se tornar ocupante das terras de outro povo, a despeito da ocupação da Rússia em seu país ancestral. “Não entendo como a Judeia não seria dos judeus”, alegou um membro da família à reportagem, ao utilizar o nome bíblico do território ocupado.

A Cisjordânia, não obstante, é designada território palestino sob a lei internacional. Radicais sionistas contestam o consenso, ao insistir em mito-narrativas bíblicas, apesar de evidências arqueológicas da presença milenar dos palestinos nativos.

Cristãos sionistas – maior grupo de sionistas organizados no mundo contemporâneo – também recorrem ao fundamentalismo por meio da profecia apocalíptica do segundo advento de Jesus Cristo, segundo a qual é essencial a “reunião dos exilados” – referência aos judeus.

Contudo, segundo a mesma profecia do Novo Testamento, judeus que não se converterem ao cristianismo – assim como os muçulmanos – serão mortos durante o Apocalipse.

LEIA: Ucrânia ameaça cancelar visto de peregrinos judeus devido a racismo israelense

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