O Marrocos voltou atrás em sua decisão de receber o imã Hassan Iquioussen, sob processo de deportação do território francês por acusações de “incitação de ódio”, com prazo de 60 dias a partir de 1º de agosto.
Uma fonte próxima do Ministro do Interior da França Gerald Darmanin questionou a decisão em entrevista à rádio Europe 1: “É inexplicável revogar a autorização, cuja única função seria reconhecer formalmente a cidadania de Hassan Iquioussen”.
“Como podem reconhecer sua nacionalidade em um dia e não reconhecer no dia seguinte?”, acrescentou.
Na terça-feira (30), o Conselho de Estado de França – maior tribunal administrativo do país – aprovou a expatriação de Iquioussen, ao invalidar a decisão da Corte Administrativa de Paris para suspender sua deportação ao Marrocos.
Darmanin descreveu o veredito como “grande vitória para a república”.
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Em 28 de julho, o ministro postou no Twitter um texto da revista conservadora La Pointe, intitulado “O Imã da Irmandade sob ameaça de deportação”. Comentou Darmanin: “Este pregador adota discurso de ódio contra os valores da França e contrapõe os princípios do secularismo e da igualdade de gênero; deve, portanto, ser expulso de nossos territórios”.
A comunidade islâmica na França expressou descontentamento ao reafirmar que Iquioussen é um guia religioso altamente popular. Entidades de direitos humanos objetaram o mandado de deportação sem decisão judicial como “ilegal”.
Após ser confirmada sua expatriação, conforme relatos, Iquioussen fugiu à Bélgica. Todavia, caso o Marrocos insista em não o receber, a França não poderá deportá-lo mesmo após sua captura.
Iquioussen nasceu na França, mas recusou a cidadania francesa, com intuito de conservar exclusivamente sua nacionalidade marroquina.