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Minas mataram mais de 400 pessoas no Iêmen desde 2019

Mais de 400 civis foram mortos por aparatos explosivos em diversas províncias do Iêmen, desde meados de 2019, confirmou uma organização local de monitoramento.

“Desde 2019 até o início de agosto de 2022, documentamos 426 mortes civis, incluindo 101 crianças e 22 mulheres, e 568 feridos, incluindo 216 crianças e 48 mulheres, devido a minas terrestres, aparatos explosivos improvisados e itens não-detonados, abandonados devido à guerra”, reportou no Twitter o Centro de Registros Iemenita de Minas.

A publicação dos números sucede em uma quinzena comentários de um oficial do regime iemenita – reconhecido internacionalmente, radicado na Arábia Saudita – sobre o desafio duradouro imposto por minas terrestres no país em guerra.

O brigadeiro-general Amin al-Aqili, diretor do Programa de Ação Nacional de Minas do Iêmen, sugeriu que levará décadas para resolver a questão, ao culpabilizar o movimento houthi – sob apoio de Teerã – de instalar explosivos em todo o território.

Aqili acusou rebeldes houthis de plantarem sistematicamente minas de manufatura local e possuir mapas de sua localização, em detrimento da trégua em curso. Os lados em conflito trocam acusações de violar o armistício.

Inundações recentes no país também deslocaram as minas, aumentando risco de baixas, advertiu Aqili.

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Em abril, Nabil Abdul-Hafeez, vice-ministro da pasta de direitos humanos do governo no exílio, acusou o movimento houthi de espalhar mais de dois milhões de explosivos em todo o Iêmen. Segundo seu relato, cerca de 500 mil minas foram desativadas.

Desde 2015, uma coalizão liderada pela Arábia Saudita intervém no país; mais de 25 mil ataques aéreos foram executados.

Em 2018, foi lançado o projeto Masam, com recursos de Riad, para combater a disseminação de minas no Iêmen. Até então, foram localizados e neutralizados 350 mil aparatos explosivos, incluindo cinco mil minas individuais e 131 minas antitanque.

Segundo o website da iniciativa, minas antitanque costumam requerer maior pressão para detonar; porém, foram convertidas a devastadoras minas individuais pois “milícias houthis desenvolveram métodos para reduzir a pressão necessária”.

Segundo análise da Fundação Carnegie, entre a década de 1960 e 1990, milhares de minas foram deixadas pelos sucessivos conflitos no Iêmen. No entanto, o país é notório por ser a primeiro estado árabe a destruir por completo seu arsenal de minas individuais.

A conquista, em meados de 2007, decorreu da assinatura do Tratado de Ottawa, que proibiu a instalação, fabricação e importação de minas. Neste contexto, o Iêmen se aproximou do título de país livre de minas.

Todavia, a escalada de tensões entre houthis e forças do governo coincidiu com a retomada do uso de minas como aparato de larga escala, sobretudo após 2014, quando rebeldes tomaram a capital Sanaa e grande parte do país.

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