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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Após 29 anos de Oslo, somente Israel se beneficiou dos acordos

Então chanceler israelense Shimon Peres (centro) assina os Acordos de Oslo, entre Israel e Organização para a Libertação da Palestina (OLP), durante cerimônia na Casa Branca, em Washington DC, 13 de setembro de 1993; logo atrás dele, o presidente americano Bill Clinton e o líder palestino Yasser Arafat [J. David Ake/AFP via Getty Images]

Em 13 de setembro de 1993, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o governo israelense assinaram os chamados Acordos de Oslo, que estabeleceram um precedente histórico sobre o reconhecimento palestino ao estado ocupante e concederam certo verniz de legitimidade a uma concessão que Tel Aviv jamais imaginou. Sequer em seus sonhos mais loucos, os ideólogos sionistas conceberiam que um dia os representantes do povo palestino – que detêm o verdadeiro direito nativo à Palestina histórica – reconheceriam a “titularidade” israelense de suas terras, assim como seu subsequente controle.

Quase três décadas após a assinatura, é evidente que os Acordos de Oslo não levaram ao fim da ocupação tampouco à autodeterminação do povo palestino. Muito ao contrário, o pacto fracassou com os palestinos em todos os níveis – político, econômico e social – e avançou quase exclusivamente a favor dos interesses da ocupação. Os palestinos compreendem que seus “representantes” fazem o trabalho sujo de Israel, ao reprimir atividades legítimas de resistência em seu nome e lhe conceder a oportunidade de normalizar relações com países árabes.

Mesmo os israelenses sabem deste fato. Desde o primeiro instante, os líderes sionistas sabiam muito bem que os Acordos de Oslo continham as sementes do próprio fracasso. Sua única tarefa seria manter a segurança de Israel às custas do povo palestino e sua justa causa.

Dada a falta de horizonte político entre palestinos e israelenses e a recente conversão destes à extrema-direita, é notório que Israel tenta abandonar os Acordos de Oslo, embora seu compromisso alivie a ocupação do fardo econômico de administrar os assuntos palestinos. Simultaneamente, os termos do pacto mantiveram todas as questões políticas e militares nas mãos de Israel. Graças a Oslo, trata-se de uma ocupação de luxo – gratuita e exclusiva!

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As alegações de populistas israelenses de extrema-direita de que Oslo causou a morte de milhares de seus cidadãos carecem de objetividade e precisão. Entre sua assinatura e setembro de 2000, o movimento Fatah não conduziu uma única operação armada contra Israel. Neste entremeio, outras facções – sobretudo o Hamas e Jihad Islâmica – concentraram suas atividades entre setembro de 1993 e fevereiro do ano seguinte. As ações de resistência abrangiam ataques a faca e armas de fogo. Esta fase da resistência foi semelhante à Primeira Intifada, que durou entre 1987 e a assinatura dos acordos. Entre 1990 e 1993, Gaza e Cisjordânia vivenciaram 9.323 ataques armados contra Israel – média de sete operações por dia; entre 1993 e 1999, foram 4.216 ataques – duas operações por dia.

Os números demonstram que os Acordos de Oslo resultaram na queda dos atos de resistência palestina em 70% – muito embora não tenham cessado por completo. As estatísticas comprovam ainda uma queda evidente e dramática em operações armadas desde os Acordos de Oslo, sobretudo desde abril de 1996, quando a coordenação de segurança entre a Autoridade Palestina (AP) e o exército israelense atingiu uma nova escala. Entre 1997 e 1999, atividades de resistência decresceram drasticamente a uma única operação por dia.

Os israelenses reconhecem que a coordenação de segurança com a Autoridade Palestina – um dos resultados diretos de Oslo – frustrou a maior parte dos esforços de resistência. Uma comparação simples mostra a importância dos Acordos de Oslo ao estado ocupante em termos de segurança: entre 1987 e 1993, duzentos israelenses foram mortos; entre 1993 e 2000, faleceram 288 israelenses sob operações de resistência. Porém, sob aumento da cooperação de segurança, o número de israelenses mortos caiu substancialmente. Entre 1997 e 2000, cinquenta israelenses foram mortos por operações realizadas por palestinos; entre 1999 e 2000, somente nove foram mortos. No período entre 1987 e 1993, os palestinos executavam em média 289 ataques por mês; entre 1997 e 2000, o mesmo índice desabou a 111 operações mensais. Os números são bastante eloquentes. Caso o processo de Oslo seguisse como planejado, o número de operações de resistência chegaria a zero e a Segunda Intifada – também conhecida como Intifada de Al-Aqsa – jamais teria começado.

As alegações da direita israelense de que o conflito é exacerbado por Oslo são outro exemplo de seus esforços para encobrir o fato de que a ocupação – e ninguém mais – é a raiz do problema. É irônico, portanto, que os mesmos israelenses que tanto atacam os Acordos de Oslo são aqueles que mais se beneficiam de suas concessões. O pacto ajudou a ocupação a conservar seus assentamentos ilegais na Cisjordânia, ao seccionar o território em três áreas distintas, com intuito de manter controle militar e administrativo sobre a maior parte e incentivar colonos a impor uma realidade em campo que possibilidade a anexação. A partilha conferiu também uma soberania limitada a aldeias e cidades palestinas, como verniz de legitimidade. A quem quer que tenha redigido Oslo, Israel deve enorme gratidão.

Acordos de Oslo, o 25º aniversário [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

O que reforça essa nova abordagem israelense como alternativa aos Acordos de Oslo é – podemos supor – a falta de qualquer vontade política para conduzir negociações efetivas com o lado palestino, assim como a persistente indiferença de Washington a qualquer eventual solução do conflito. Como se não bastasse, é notório que a Autoridade Palestina não representa a totalidade dos palestinos, devido à natural divisão política entre a população originária.

Há muito a dizer sobre os impactos negativos dos Acordos de Oslo à questão nacional palestina. O maior perigo repousa precisamente em sua reciclagem, na forma de acordos dúbios que negligenciam os direitos legítimos dos palestinos e estabelecem, em seu lugar, modelos de “paz econômica” e semiautonomia. Trata-se de levar a população de volta a um tempo de tutelagem regional e internacional, ao reproduzir o que há de pior nos Acordos de Oslo.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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Palestina: quatro mil anos de história
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