Mahsa Amini, cidadã iraniana de 22 anos, entrou em coma e faleceu após ser presa pela polícia moral da república islâmica, sob o pretexto de violação das regras de vestimenta, reportou seu tio nesta sexta-feira (16). O caso incitou protestos nas redes sociais.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O Ministério do Interior e a Procuradoria Pública do Irã supostamente lançaram investigações sobre a morte de Amini, segundo pedido do presidente Ebrahim Raisi, corroborou a imprensa estatal. A televisão do governo, no entanto, não deu detalhes sobre a morte.
Segundo o tio da jovem, em entrevista ao website Emtedad, Amini faleceu após ser transferida de uma delegacia de costumes a um centro médico.
Nos meses recentes, grupos de direitos civis convocaram cidadãs iranianas a remover seu véu em público, com o intuito de contrapor a repressão do regime linha-dura a “comportamentos imorais” – isto é, violação do código fundamentalista islâmico imposto pelo regime.
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A polícia negou acusações de espancamento e alegou que Amini sofreu um infarto após ser levada à delegacia de costumes, para ser “convencida e educada”.
Após a convocação de protestos anti-hijab, vídeos viralizaram nas redes sociais nos quais forças de segurança reprimem com violência grupos de mulheres.
Mahmoud Sadeghi, político reformista e advogado de carreira, fez um apelo ao aiatolá Ali Khamenei para que comente o caso de Amini. “O que o Supremo Líder, que corretamente denunciou a polícia dos Estados Unidos pela morte de George Floyd, tem a dizer?”, insistiu Sadeghi em sua página do Twitter.
Em 2020, Khamenei alegou que o assassinato do cidadão afro-americano George Floyd, após ser detido pela polícia de Minneapolis, expunha a verdadeira natureza da estrutura de poder nos Estados Unidos.
Sob a sharia iraniana (lei islâmica), imposta após a Revolução de 1979, mulheres são obrigadas a cobrir seus cabelos e vestir roupas que encubram sua silhueta. Mulheres que eventualmente infringem as regras enfrentam agressões, multas e prisões.
Décadas após a revolução, os governantes teocráticos do Irã ainda têm dificuldades para aplicar a lei. Mulheres de todas as idades e classes sociais insistem em se vestir como suas mães e avós antes do advento do atual regime: isto é, sem a obrigatoriedade do véu.