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Partido de ministro israelense pede inelegibilidade de parlamentar árabe

Avigdor Lieberman, então Ministro de Relações Exteriores de Israel, em Tel Aviv, 24 de dezembro de 2014 [Jack Guez/AFP/Getty Images]

O partido Yisrael Beitenu – liderado por Avigdor Lieberman, Ministro das Finanças de Israel – registrou uma moção neste domingo (18) no Comitê Central Eleitoral com objetivo de tornar inelegível Sami Abu Shehadeh, chefe do partido árabe Balad.

Abu Shehadeh é candidato ao parlamento israelense (Knesset) nas eleições de novembro.

Israel passa por seu quinto processo eleitoral em menos de quatro anos, após o colapso da coalizão de governo encabeçada por Naftali Bennett e Yair Lapid.

O Yisrael Beitenu – partido nacionalista de direita – convidou correligionários que integram o comitê a assinarem uma petição contra o deputado árabe. É preciso maioria de um terço dos 34 membros do conselho para torná-lo inelegível.

Em nota, o partido de Lieberman insistiu que Abu Shehadeh “deve ser expulso do Knesset”.

“Alguém que nega a existência de Israel e não o reconhece como estado judaico e democrático não é digno do Knesset”, acusou a petição. “Seria adequado que fosse parte do parlamento em Ramallah [na Cisjordânia ocupada], que é seu lugar”.

LEIA: Governo de coalizão de Israel enfrenta diferenças fatais entre membros

O partido sionista confirmou que a moção foi encaminhada sob o Artigo 7A da chamada Lei Básica do Knesset, que determina inelegibilidade de eventuais candidatos que contestam o caráter exclusivamente judaico de Israel.

Conforme a legislatura israelense, contrapor o aspecto colonial de Israel equivale a incitar o “antissemitismo” e conferir apoio ao “terrorismo”, por meio da resistência armada do povo palestino, que vive sob ocupação em suas terras ancestrais.

O Balad descreveu a ofensiva do Yisrael Beitenu como “tentativa de silenciar a voz política resoluta” de Abu Shehadeh. Em entrevista à rádio militar israelense, o congressista árabe- israelense sugeriu crer que Lieberman agiu para atrair manchetes e eleitores nacionalistas, como parte de sua campanha eleitoral.

“Não me interessa este homem violento [Lieberman], que defende a expulsão dos cidadãos árabe-palestinos de Israel”, indicou Abu Shehadeh. “Lieberman está próximo da clausula de barreira e, portanto, busca atrair um eleitorado extremista”.

Michal Rozin, parlamentar e chefe da coligação Meretz, confirmou que seu partido manterá oposição ao pedido de Lieberman, segundo informações do jornal Times of Israel.

Nas eleições anteriores, o partido ultranacionalista Likud – chefiado pelo ex-premiê Benjamin Netanyahu – recorreu ao órgão eleitoral para desqualificar candidatos do Balad, sob alegação de “incitação ao terrorismo”.

No entanto, segundo a rede de notícias Ynet News, uma fonte do Likud apontou na sexta-feira (16) que seu partido prefere a manutenção do Balad na corrida, com objetivo de dividir o voto árabe-palestino e impedir os partidos da comunidade nativa de angariar o coeficiente eleitoral necessário para tomar posse.

Segundo o relato, Netanyahu deve trabalhar pessoalmente nos bastidores para garantir que nenhum de seus correligionários sancione a petição de Lieberman contra o Balad.

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