Em comunicado publicado nesta quinta-feira (22), a Guarda Revolucionária do Irã – unidade de elite do exército nacional – recorreu ao judiciário para indiciar “aqueles que espalham rumores e notícias falsas” em meio a uma escalada de tensões e protestos populares devido à morte de Mahsa Amini – jovem cidadã de 22 anos –, em custódia da “polícia de moralidade”.
“Expressamos solidariedade aos parentes de Amini, mas requisitamos da justiça que identifique aqueles que espalham rumores e notícias falsas nas redes sociais e nas ruas e representam risco à segurança psicológica da sociedade, para então tratar devidamente de suas infrações”, alegou a nota das Forças Armadas.
Mahsa Amini faleceu na sexta-feira (16). Na terça-feira (13) foi detida pela chamada “polícia de moralidade”, em Teerã; logo em seguida, entrou em coma. Agentes policiais alegam que Amini adoeceu na cadeia; seu pai, contudo, negou doenças prévias e reportou sinais de tortura.
O incidente levou o direito das mulheres do Irã novamente aos holofotes e deflagrou uma onda de manifestações populares em todo o país – sobretudo entre a população jovem.
A Organização das Nações Unidas (ONU) fez um apelo por investigações sobre o episódio.
“A morte trágica de Mahsa Amini e suspeitas de tortura e maus-tratos devem ser investigadas imediata, imparcial e efetivamente por uma autoridade capaz independente, que garanta, em particular, que sua família obtenha verdade e justiça”, afirmou Nada al-Nashif, vice-comissária de direitos humanos das Nações Unidas.
“As autoridades devem encerrar qualquer assédio, perseguição e prisão de mulheres que não cumpram as regras de hijab”, concluiu Nashif, em alusão ao rigoroso código de vestimenta do regime teocrático islâmico.
LEIA: ‘A selvageria de Israel não tem fim’, alerta Irã nas Nações Unidas