O Primeiro-Ministro de Israel Yair Lapid recebeu duras críticas de adversários e aliados – entre os quais, ministros de governo – por aventar internacionalmente seu suposto apoio à “solução de dois estados” na Palestina histórica.
No Twitter, a Ministra do Interior Ayelet Shaked alegou que Lapid – que acumula os cargos de premiê interino e chanceler do regime sionista – “não tem qualquer legitimidade pública para comprometer Israel com declarações prejudiciais a nosso país”.
O Ministro da Justiça Gideon Sa’ar ecoou a retórica de extrema-direita nas redes sociais: “Estabelecer um estado terrorista [sic] na Judeia e Samaria [Cisjordânia ocupada] impõe ameaça à segurança de Israel”.
O ex-premiê e ativista colonial Naftali Bennett também tuitou: “Não há lugar ou lógica para retomar a noção de um estado palestino … Até mesmo os verdadeiros amigos de Israel não esperam que comprometamos nossa segurança. Não há razão alguma para voluntariar-se a tanto”.
Ao rechaçar o consenso internacional e reduzir a conjuntura ao atual status quo – isto é, favorecer a permanência do conflito – insistiu o antecessor de Lapid: “Não há lugar para qualquer outro país entre a Jordânia e o Mar Mediterrâneo”.
Em nota, o partido de oposição Likud confirmou que seu chefe político e ex-premiê Benjamin Netanyahu “conseguiu manter a questão palestina fora da agenda global por anos”, de modo que Lapid “retornou o Presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas ao centro da arena internacional em menos de um ano”.
Analistas reiteram que o comunicado do partido ultranacionalista – que esteve no poder por 15 anos, no total – corrobora a falta de vontade política de Tel Aviv e a “ingenuidade” de Ramallah em manter sua colaboração de segurança com a ocupação israelense.
Contudo, o suposto apoio de Lapid à “solução de dois estados” – consenso internacional que especialistas alertam como neutralizado pelos avanços coloniais de Israel – foi descrito como “manobra de relações públicas” pela parlamentar árabe Aida Touma-Sliman.
“Enquanto expressa apoio a um estado palestino em âmbito internacional, de volta a Israel, Lapid comanda o entrincheiramento da ocupação”, reafirmou Touma-Sliman.
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