As acusações criminais contra cinco ativistas do grupo Palestine Action foram retiradas, após os militantes civis encerrarem as atividades de uma instalação da Elbit Systems – maior fabricante de armas de Israel – na região de Shenstone, no Reino Unido, em julho deste ano.
A corporação armamentista acusou os manifestantes de vandalismo e invasão de propriedade.
Os ativistas foram convocados a uma audiência judicial na última semana, mas deixaram o local em liberdade. As acusações foram indeferidas por “chances irrealistas de condenação”, afirmou em comunicado o Palestine Action.
A fábrica da Elbit Systems em solo britânico produz motores para drones armados empregues pela ocupação israelense contra comunidades civis palestinas.
Os cinco ativistas foram indiciados em 22 de agosto, após sua prisão no mês anterior, quando se acorrentaram aos portões da instalação e forçaram seu fechamento. Tinta vermelha foi usada pelo grupo para simbolizar o sangue dos palestinos mortos por produtos da Elbit Systems, tanto na fachada da fábrica quanto nos escritórios de segurança.
Não é a primeira vez que “chances irrealistas de condenação” indeferem as acusações contra o protesto da Palestine Action nas instalações israelenses em Shenstone. Em fevereiro, quatro ativistas foram absolvidos após fecharem a mesma fábrica da Elbit Systems.
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Em dezembro, a Corte de Magistrados de Newcastle-under-Lyme inocentou três manifestantes que se acorrentaram aos portões e pintaram as paredes da fábrica em janeiro de 2021.
A Elbit Systems fornece cerca de 85% da frota de drones armados de Israel. Sua sede em solo britânico produz partes do maquinário e motores, incluindo ao drone Watchkeeper, vendido a Londres para uso em intervenções militares no exterior.
A Palestine Action reitera que os equipamentos não-tripulados são também usados pela Polícia de Fronteira e outras agências ostensivas para monitorar e reprimir refugiados e imigrantes que chegam ao Reino Unido.
“Apesar da falta de educação em retirar as acusações depois de eu comprar minha passagem de trem, tudo isso confirma o que já sabíamos: não somos criminosos e responder à colonização israelense da Palestina não é apenas um dever moral, mas também um ato legal”, comentou um ativista identificado como Randeep.
O grupo destacou que, até então, nenhum de seus ativistas foi jamais condenado por seus atos civis nas instalações da Elbit Systems.
O Serviço de Promotoria da Coroa, a polícia britânica e os advogados da corporação israelense tentam incriminar e emprisionar os manifestantes – que denunciam o uso de itens fabricados no local para violação de direitos humanos e da lei internacional –, mas tanto a defesa da Palestine Action quanto as cortes relevantes demonstraram que não há delito por parte dos ativistas, ao contrário dos crimes de guerra cometidos por Israel e sua indústria militar.
Outro ativista deve comparecer nesta segunda-feira (26) à Corte de Magistrados de Manchester, para responder à acusação de “obstruir uma rodovia”.