A Guarda Revolucionária do Irã – unidade de elite das Forças Armadas – reportou nesta quarta-feira (28) que mísseis e drones foram disparados contra “alvos militantes” no território vizinho do Curdistão iraquiano. Treze pessoas foram mortas, segundo a agência Reuters.
Os ataques foram confirmados após Teerã acusar dissidentes curdo-iranianos de promover o levante que assola a república islâmica, sobretudo na região noroeste, onde vive a maioria dos dez milhões de curdos radicados no país.
Treze pessoas foram mortas e 58 feridas nos ataques perto de Erbil e Sulaimaniya, no Curdistão iraquiano, declarou a imprensa local ao citar os serviços curdos de contraterrorismo.
Conforme fontes curdo-iraquianas, drones armados atingiram ao menos dez bases atribuídas a grupos iranianos perto de Sulaimaniya, na manhã de quarta-feira. No entanto, não há detalhes sobre eventuais baixas.
Neste mesmo contexto, o Comando Central do Exército dos Estados Unidos reportou abater um drone iraniano ainda ontem, também a caminho de Erbil, ao alegar ameaça a tropas americanas ainda posicionadas na região.
“Nenhum soldado americano foi morto ou ferido como resultado dos ataques e não há danos a nossos equipamentos”, destacou o Comando Central em comunicado.
Um membro do Komala – partido oposicionista curdo-iraniano, exilado no Iraque – confirmou à Reuters que escritórios do grupo foram atingidos.
Tariq Haidari, prefeito de Koye, no Curdistão iraquiano, observou que duas pessoas – entre as quais, uma mulher grávida – foram mortas na cidade, além de doze feridos. Alguns dos feridos foram transferidos às pressas a um hospital de Erbil, em estado grave.
A Guarda Revolucionária do Irã insistiu que os ataques contra “terroristas” radicados na região devem prosseguir nos próximos dias.
“Esta operação continuará com nossa plena determinação até que a ameaça seja efetivamente repelida, bases terroristas sejam desmanteladas e autoridades curdas assumam seus deveres”, advertiu as forças iranianas em nota divulgada pela televisão estatal.
O Ministério de Relações Exteriores do Iraque condenou os ataques. Em nota, um porta-voz da pasta corroborou a convocação do embaixador iraniano para expressar o repúdio de Bagdá à ofensiva em curso, ao descrevê-la como violação da soberania iraquiana.
Protestos eclodiram no Irã na semana passada, após a morte de Mahsa Amini em custódia da polícia de costumes. Autoridades alegam que a jovem de 22 anos adoeceu na cadeia; seu pai, no entanto, denuncia sinais de tortura.
Amini, natural de Saqez, no Curdistão iraniano, foi presa em 13 de setembro na capital Teerã, sob pretexto de “vestir-se inadequadamente”, em alusão ao rigoroso uso do hijab – ou véu islâmico. Três dias depois, Amini faleceu em um hospital após entrar em coma.
Os protestos subsequentes representam a primeira demonstração de oposição de massa ao regime iraniano desde 2019, quando as autoridades esmagaram manifestações contra a carestia de combustíveis no país.
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