ONU deve insistir em uma conferência de paz internacional

Reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em Nova York, 28 de fevereiro de 2022 [Tayfun Coşkun/Agência Anadolu]

O governo da ocupação israelense continua implementar sua política de assentamentos como parte de seus esforços para anexar a Cisjordânia ao impor uma nova realidade colonial capaz de descartar o advento legítimo de um estado palestino. Isso acontece em um contexto de inépcia global para encontrar soluções baseadas no reconhecimento dos direitos palestinos e falta de qualquer horizonte político para o processo de paz na região, devido à persistente agressão de Israel contra o povo palestino e a expropriação das terras nativas para construir e expandir os assentamentos ilegais. De acordo com a lei internacional, as terras palestinas são consideradas ocupadas por Israel e não devem ser utilizadas ou apreendidas de maneira alguma.

Perseveram esforços para realizar uma conferência de paz internacional, após recomendações da Assembleia Geral das Nações Unidas deste ano. O Secretário-Geral da ONU António Guterres pediu cooperação do chamado Quarteto Internacional e do Conselho de Segurança para realizar preparativos para uma nova conferência com incumbência de solucionar a questão palestina. O diplomata também expressou a necessidade de envolver todas as partes relevantes no fórum, a fim de engajá-las em um processo de paz genuíno alicerçado na legitimidade internacional, para levar ao fim da ocupação israelense e ao reconhecimento de um estado palestino independente sob as fronteiras de 1967.

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Desde que surgiu a ideia de uma conferência de paz internacional, Israel buscou obstruir todos os esforços diplomáticos para materializá-la – tanto o estado ocupante quanto Estados Unidos, seu principal aliado, se opõem à proposta. Neste entremeio, a comunidade internacional e suas instituições supostamente trabalham duro para tentar impedir a agressão israelense e rechaçar sua guerra aberta contra o povo palestino, sobretudo em Jerusalém ocupada, onde residentes e santuários cristãos e islâmicos permanecem sob ameaça. É preciso, todavia, ir além para conter os sucessivos crimes da ocupação, como: demolição de casas, expropriação de terras, expansão de assentamentos e expulsão dos nativos palestinos. Em quase todas as frentes, Tel Aviv trava uma guerra absoluta contra a população árabe da Palestina ocupada.

A diplomacia palestina tenta operar em tempo integral para coordenar ações com a Jordânia – toda oportunidade é empregue para denunciar as agruras imposta ao povo palestino em fóruns internacionais. Conspirações e esquemas têm de ser contestados dia após dia, enquanto Israel busca representar sua anexação ilegal como fato consumado, ao impor “soluções” em franco detrimento dos direitos legítimos do povo palestino.

A mensagem a ser entregue a todo o mundo é apenas uma: os palestinos possuem uma causa legítima e direito consagrado de se proteger da ocupação. É necessário, portanto, implementar e desenvolver esforços internacionais, apesar de obstáculos postos por Israel, ao adotar planos estratégicos para ação política, diplomática e midiática. Isso inclui a mobilização global por uma conferência de paz internacional, para superar o impasse no processo de paz e preservar os atos de diplomacia dos palestinos nativos – que conquistaram certo progresso, por exemplo, ao ter seu parlamento reconhecido em alguns países da Europa. A mensagem é transmitida de fato, embora devagar. No caminho, no entanto, estão as barricadas da ocupação para impedir o reconhecimento de um estado palestino com Jerusalém como sua capital – isto é, para obstruir o processo de paz.

A importância de convocar um evento de paz internacional, na atual conjuntura da questão palestina, sinalizaria um eventual ponto de inflexão na tomada de terras nativas por parte de Israel, na expansão de seus assentamentos ilegais e na anexação de facto da Cisjordânia. Ações internacionais para apoiar uma paz justa e duradoura na região devem começar pela cessão de direitos legítimos ao povo palestino. A ONU tem de insistir nesta conferência.

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Este artigo foi publicado originalmente em árabe pela rede Addustour, em 29 de setembro de 2022.

 

 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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