União Europeia e Israel retomaram o diálogo nesta segunda-feira (3), na cidade de Bruxelas, após quase uma década, apesar de alertas de grupos de direitos humanos e parlamentares europeus sobre os abusos cometidos pela ocupação israelense contra os palestinos.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A primeira reunião do Conselho de Associação Europa-Israel focou-se em questões bilaterais, implicações da guerra na Ucrânia e deterioração da crise global de insumos combustíveis e alimentares.
A delegação europeia foi liderada pelo chefe de política externa, Josep Borrell. Israel incumbiu o Ministro de Inteligência Elazar Stern de conduzir as negociações, após o primeiro-ministro Yair Lapid cancelar sua participação no evento devido a “prioridades domésticas”.
O conselho entrou em hiato em 2013, quando Israel recuou em protesto às denúncias do bloco por suas atividades de expansão colonial na Cisjordânia ocupada.
A retomada ocorre após Lapid – que assumiu o cargo de premiê interino em julho – expressar seu apoio a um “acordo de paz baseado em dois estados e dois povos”, durante seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro.
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Apesar da retórica, grupos de direitos humanos e parlamentares europeus advertem que Israel não mudou sua política de repressão e discriminação imposta aos palestinos.
O Human Rights Watch (HRW) instou a União Europeia e seus estados-membros a “declararem seu repúdio aos crimes contra a humanidade de perseguição e de apartheid cometidos pelas autoridades israelenses, durante o encontro do Conselho de Associação Europa-Israel”.
Em carta conjunta, um total de 47 membros do Parlamento Europeu expressou “consternação” sobre a decisão do bloco de retomar o diálogo com Israel e exortou Borrell a “não recompensar um governo que mantém suas políticas de anexação e perseguição em franco detrimento à lei internacional e centenas de resoluções das Nações Unidas”.
Em várias ocasiões, a União Europeia reivindicou de Israel que encerre suas atividades coloniais nos territórios palestinos ocupados, além de desmantelar os assentamentos existentes. O bloco também pede a retomada das conversas de paz sobre o consenso de dois estados.
Cisjordânia e Jerusalém Oriental são considerados territórios ocupados pela lei internacional. Todos os assentamentos exclusivamente judaicos na região são, portanto, ilegais.
Como a Turquia e a maior parte da comunidade internacional, a União Europeia não reconhece a “soberania” do estado sionista sobre os territórios ocupados desde 1967.