Guerra na Síria custou US$650 bi, taxa de pobreza chega a 90%

A guerra civil na Síria, deflagrada pela repressão do regime sírio de Bashar al-Assad a protestos por democracia, mudou a paisagem e a estrutura do estado nacional, ao custar cerca de US$650 bilhões aos cofres públicos.

Conforme estatísticas oficiais, o produto interno bruto (PIB) caiu de cerca de US$60 bilhões em 2011 – quando começou a guerra – a menos de US$11 bilhões em 2022. O valor da moeda síria caiu de 50 liras em relação ao dólar, em 2011, a mais de 4.500 liras onze anos depois.

Segundo Martin Griffiths, subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, a taxa de pobreza na Síria excedeu 90% da população; o desemprego chegou a 83% enquanto 12.4 milhões de sírios não sabem qual será sua próxima refeição.

O pesquisador sírio Samir Seifan explicou que não há dados oficiais registrados sobre as perdas causadas pela guerra na Síria. No entanto, a equipe de Coordenação de Resposta da Síria estima que os prejuízos oriundos do conflito alcançam a casa dos US$650 bilhões.

Em 2011, o contingente militar da Síria era de aproximadamente 400 mil soldados e cem mil policiais. Contudo, desde então, cerca de 150 mil combatentes se juntaram às forças do regime, além de cem mil milicianos.

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Os esforços em questão drenaram o orçamento público e o setor produtivo para militarizar o estado, reafirmou Seifan.

“Não há números oficiais sobre a parcela do exército no orçamento ou o tamanho dos gastos militares; todavia, desde 2011, seus custos equivalem a quase todo o restante do orçamento, se tomarmos em consideração o preço das armas, salários e tratativas, assim como a destruição e as perdas humanas”, acrescentou.

Seifan destacou que transformar o país em um cenário de guerra internacional – após reprimir os sonhos de justiça e igualdade da população – exacerbou a crise econômica devido ao êxodo de capital e investimentos. A fragmentação administrativa do país e do controle das partes em guerra sobre os campos de petróleo e gás natural também reduziu a receita.

Damasco recentemente estimou prejuízo de cerca de US$107.1 bilhões na indústria de petróleo e gás natural – “tanto em perdas diretas quanto desvalorização”.

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