Nesta quinta-feira (6), o governo libanês afirmou que as negociações mediadas por Washington para demarcar as fronteiras marítimas com Israel chegaram ao ponto de “pegar ou largar”, após o regime sionista rejeitar emendas requeridas pelo estado levantino, ao alimentar dúvidas sobre anos de esforços diplomáticos sobre a matéria.
As informações são da agência de notícias Reuters.
A princípio, o esboço do pacto – que não foi publicado – foi ligeiramente acolhido por Líbano e Israel. Entretanto, sob oposição doméstica em ambos os países, o governo em Beirute requereu uma série de emendas do emissário americano, Amos Hochstein.
Nesta quinta-feira (6), o premiê Yair Lapid “foi informado sobre as mudanças substanciais que o Líbano busca obter e instruiu sua equipe de negociação a rejeitá-las integralmente”, corroborou uma fonte israelense.
Conforme a mídia local, o principal ponto de atrito é o reconhecimento da demarcação imposta por Israel do mar ao litoral. O Líbano receia que suas ações podem conotar aceitação formal de uma fronteira compartilhada por terra.
Beirute também contestou a afirmativa de Lapid de que o regime sionista obterá direito parcial dos royalties libaneses no prospecto de al-Qana.
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O negociador libanês Elias Bou Saab afirmou à Reuters, no entanto, que responderia somente a declarações oficiais e não rumores da imprensa sobre a postura israelense. “O acordo está 90% pronto, mas os 10% restantes são pegar ou largar”, destacou Bou Saab.
Gás natural: Extração e ameaças
Israel prepara-se para começar a explorar gás natural de seu campo de Karish, o qual insiste ser localizado fora do perímetro de al-Qana. O movimento libanês Hezbollah – ligado a Teerã – fez ameaças veladas sobre o avanço, o que incitou urgência nas negociações.
O regime israelense apresentou previamente uma proposta ao Líbano que – caso assinada – lhe garantiria Karish. No entanto, voltou atrás nesta quinta-feira.
“Tel Aviv produzirá gás natural da plataforma de Karish assim que possível”, destacou um oficial israelense. “Caso o Hezbollah ou quem quer que seja tente danificar Karish ou nos ameaçar, as negociações sobre as fronteiras marítimas serão imediatamente interrompidas”.
O Ministro da Defesa de Israel Benny Gantz subiu ainda mais o tom, ao alegar que “o Estado do Líbano pagará um duro preço militar” caso o Hezbollah cumpra seus alertas. O movimento xiita não respondeu às declarações de Gantz, até então.
Com o centrista Yair Lapid sentado interinamente na cadeira de primeiro-ministro, à espera das eleições israelenses em 1º de novembro, a oposição demandou ratificação do parlamento sobre qualquer acordo.
O principal adversário de Lapid, o ultraconservador ex-premiê Benjamin Netanyahu, insiste que o pacto beneficiará o Hezbollah.
Apesar do impasse, Beirute aguarda qualquer sinal de alívio em seu colapso socioeconômico. O presidente Michel Aoun quer assegurar os direitos sobre os recursos naturais do Mediterrâneo antes de deixar o cargo no final de outubro, segundo relatos de fontes políticas.