Relatório revela influência do lobby emiradense na França

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) empregaram uma autoimagem fantasiosa junto de um forte cortejo a parlamentares franceses, além de esforços para antagonizar o Catar e robustecer sua posição na arena internacional, revelou um relatório publicado pela rede OrientXXI.

A investigação observou que a autopropaganda emiradense, junto da difamação do Catar como suposto apoiador do “terrorismo” por meio da Irmandade Muçulmana, denota uma “estratégia multifacetada” de Abu Dhabi para se projetar internacionalmente.

Os Emirados recrutaram empresas de mídia na França, como o ramo local da Euronews, e think tanks, como o Instituto Bussola, para favorecer seus objetivos.

Além disso, a monarquia árabe angariou apoio de partes da grande imprensa e personalidades políticas – incluindo a senadora Nathalie Goulet – para manifestar opiniões coincidentes com a posição do regime do Golfo sobre questões de política externa.

Por meio deste lobby, segundo o relatório, Abu Dhabi mobilizou uma onda de ataques a líderes muçulmanos na França, sob pretexto de ligações com a Irmandade Muçulmana, rotulada como “organização terrorista” em diversos países europeus.

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Entre os alvos, está o imã marroquino Hassan Iquioussen, à espera de deportação sob alegação de antissemitismo e misoginia.

Conforme o relatório: “Na França e em diversos lugares, os Emirados não poupam esforços para se promover e posicionar-se positivamente nos holofotes [internacionais], e entregar assim suas mensagens de caráter geopolítico”.

“Para apelar ao público externo – sobretudo na França –, Abu Dhabi buscou convencê-lo de que a Irmandade Muçulmana representa perigo”, prosseguiu.

Segundo a pesquisa, a investida ficou evidente, em particular, em meio ao lobby para perpetrar o embargo ordenado por Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Egito contra Doha, entre junho de 2017 e janeiro de 2021.

O documento concluiu que os Emirados trabalham sistematicamente para criar uma associação ideológica simplista e planificada, entre Catar, Irmandade Muçulmana e “terrorismo”, de modo a travar uma “guerrilha cognitiva” contra o islamismo político.

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