Nesta semana, a ong israelense de direitos humanos B’Tselem voltou a requerer da promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, que intervenha com urgência para interromper a onda israelense de expulsão de comunidades palestinas de suas terras e casas, em particular, na região de Hebron (Al-Khalil), sudoeste da Cisjordânia ocupada.
Israel trabalha para remover cerca de mil palestinos do território e desmantelar as comunidades nativas. O estado ocupante tenta expulsar as comunidades há décadas; no entanto, intensificou recentemente seus atos de repressão, tanto em escopo, quanto violência e assiduidade, alertou a B’Tselem ao promotor-chefe Karim Khan.
“Pedimos sua intervenção urgente para impedir Israel de prosseguiu com sua política e elucidar ao governo que a transferência compulsória de residentes de suas casas – seja diretamente ou por meio de instauração de ambiente coercitivo – equivale a crime de guerra conforme o Artigo 8(2)(a)(vii) do Estatuto de Roma”, destacou a carta.
A mobilização para expulsar palestinos de Hebron escalou após uma determinação deferida em maio pela Suprema Corte de Israel. Segundo a B’Tselem, a decisão contradiz a lei internacional, ao alegar que os residentes não têm direito de viver em suas terras ancestrais e legitimar assim sua expulsão arbitrária.
A B’Tselem advertiu que as medidas incluem restrições aos movimentos dos habitantes árabes, ao impedi-los até mesmo de chegar ao trabalho nas cidades próximas. O exército da ocupação instalou postos de controle e bloqueios nas estradas; soldados apreendem veículos sob pretextos diversos.
LEIA: O novo esquema de Israel para anexar a Cisjordânia ocupada
O objetivo, conforme a denúncia, é coagir os palestinos a deixar suas casas e transferir a terra a colonos ilegais. “O regime de apartheid israelense, que controla toda a área entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, opera sob a noção de que a terra é um recurso destinado exclusivamente à população judaica; portanto, trabalha para se apropriar de mais e mais terras”, afirmou a ong.
“A política está em ação também nas colinas do sul de Hebron, onde Israel tenta tomar terras há anos para designá-las a uso exclusivamente judeu”, prosseguiu a B’Tselem.
A carta citou então exemplos de como Israel busca preservar a supremacia judaica sobre todos os outros grupos étnicos e religiosos radicados na Palestina histórica, de modo a implementar e avançar em crimes de guerra e lesa-humanidade.